31/12/2008

Fim de uma era, início de outra...


Retrospectiva
Isabella, Obama, eleições municipais, Madonna, Britney Spears, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Eloá, catástrofes, furacões, tornados, Santa Catarina, solidariedade, Olimpíadas, Paraolimpíadas, China, César Cielo...palavra puxa palavra e com estas relembro alguns nomes que fizeram parte das rodas de conversa esse ano em que estive presente.
2008 foi um ano inesquecível, realmente, não podemos deixar de esquecer grandes nomes que fizeram a diferença nos cenários nacional e internacional. Mas neste último dia do ano, pergunto o que mudou em cada um? Fomos mais companheiros, mais irmãos, pregamos a paz que todos gostam de pregar principalmente no dia do Réveillon com roupas brancas? No dia seguinte, estando ou não de ressaca, ignoramos nossos irmãos na rua, brigamos por besteiras a fim de atender interesses e necessidades imediatas. Pense em 2009 o que fazemos a cada dia para melhorar a nossa convivência em sociedade [capitalista ou não] e repensemos cada atitude.

...sem retrocesso
Permitam-me que deixe registrado o que mudou em 2008 em minha vida. Principal destaque: formado em jornalismo. O sonho se tornou realidade. Agora a responsabilidade apenas aumenta, mas ainda sou a mesma pessoa, porém com pensamentos e visão de mundo diferentes. Um colega certo dia teve a audácia de me falar. “Quando ficar famoso não vá esquecer dos amigos”. O que é ser jornalista? É uma profissão pra ficar famoso? Não, absolutamente. O conceito de “ser famoso” vai muito além de ser um jornalista reconhecido. Afinal, “não é preciso ser jornalista para ter estilo, é preciso ter estilo pra ser jornalista”, e estilo eu tenho e soube desenvolver durante o curso e toda a carreira ainda vou desenvolvê-lo, pois a vida é um constante aprendizado.
O TCC ocupou grande parte de minha mente e de minha parceira durante o ano. Falando por mim, a responsabilidade de retratar e provar que Machado de Assis atuou como jornalista no século XIX não foi tarefa fácil. No entanto, os melhores trabalhos são feitos e concluídos com algumas barreiras que são superadas com jogo de cintura e, simplesmente, fome de conhecimento e vontade de vencer.
Troquei fins de semana de 2008 por horas constantes na internet desenvolvendo o trabalho de conclusão. E valeu a pena. Hoje vejo mais do que nunca que 2008 não foi um ano perdido. Pelo contrário: ganhei em conhecimento, em amizades, em contatos profissionais e, também, reconhecimento por quem realmente percebeu o quanto me esforcei. O melhor de mim eu fiz em 2008 e minha expectativa para 2009 é a mesma: cumprir o que prometo, realizar sonhos, fazer parcerias de sucesso e, é claro, postar neste blog.

28/12/2008

Um circo para gente grande



Posto este texto ouvindo “Circus”, último álbum de Britney Spears, que a julgar pela sonoridade me atraiu muito mais do que os outros trabalhos da “princesinha do pop”. Não há como negar que a estrela acertou ao colocar “Womanizer” como hit de abertura do disco e também primeiro single de lançamento do trabalho.
“Womanizer”, ao meu ver, chega a ser repetitivo por muito tempo em seu chorus, mas nada que mude o estilo adotado por Britney em sua carreira pop. “Womanizer” é um hit doce e que grudou fácil na boca dos fãs como chiclete. E coisas doces existem na vida, assim como em qualquer circo que nos deliciamos com várias doçuras.
Backing Vocals mecânicos já são marcas de Britney e não poderiam faltar no CD de Britney. Eles estão presentes com pouco ou muito uso em “If U seek Amy”, “Unusual You”, “Mmm Papi” e “Radar”, que vem [repetida] como bônus track e em nova versão.
A julgar pelas traduções das músicas, prefiro que cada um as procure. A impressão que fica é que a colegial de “Baby one more time” atacou desta vez como “a mocinha do arame”. Sua temática sensual [e sexual] continua em um picadeiro que não há fronteiras para explorar assuntos como a famosa posição “papai e mamãe” em “Mmm Papi”.
“Circus” é um disco que deve ser explorado por Britney em sua totalidade. Deve ser utilizado como instrumento de ascensão da princesinha que passou por um grave período de queda de vendagem de CDs, problemas judiciais e um verdadeiro circo dos horrores. Que seu “Circus” proporcione alegrias aos fãs e também consiga muitos aplausos pelas turnês pelo mundo.

27/12/2008

O eterno Capital



Não podemos julgar as pessoas pela cor e nem pelo modo de se vestir, mas também não podemos medir pelo jeito com que fala com o público mesmo que utilize palavras de baixo calão em alguns intervalos e se impressione com a quantidade de fãs que lotam o espaço reservado para o show. Esse conceito que formulei após sair de um show do Capital Inicial dentro da turnê “Multishow ao vivo”, a mais recente da banda liderada pelo vocalista Dinho Ouro Preto.
Um grande palco com cenário quente. Quente pelas ilustrações que remetem a um verdadeiro show de rock e quente pelas suas letras e também pelas labaredas que escapam em mais um efeito especial preparado para levar os fãs ao delírio. Eles [os fãs] querem sempre mais. E Dinho atende. Sua capacidade para entreter o público é muito grande e faz com que o coro de pessoas levante as mãos e remeta todos lembrarem de seus primeiros erros mesmo que seus corpos e mentes virem sol.
Eles [os integrantes] vêm de uma época de que os jovens procuravam independência e conseguiram esse direito. Com ou sem olhos vermelhos, acompanhados até hoje da Natasha sob a proteção de Fátima, Dinho e os integrantes que compõem o Capital Inicial conquistaram seu público fiel e prometem muita música urbana por gerações e gerações.

25/12/2008

The Madonna’s Game


Madonna foi embora do Brasil. Ela ficou em terras tupiniquins tempo suficiente pra deixar fãs e pseudo-fãs ensandecidos com a presença da estrela. Ela fez de tudo: beijou uma bailarina, cantou e dançou seus principais sucessos, vestiu uma camisa da seleção brasileira com o seu nome e o número 10, oferecida pelo governador do Rio de Janeiro durante a passagem da cantora pela terra carioca.

Rain! Feel it on my finger tips
Hear it on my window pane
Your love is coming down like
Rain! Wash away my sorrow
Take away my pain
Your love's coming down like, rain

A chuva foi a grande inimiga de Madonna. Nos dois Estados em que ela esteve as lágrimas das pessoas que não conseguiram comprar ingressos, ou não puderam ir (como eu) por inúmeros motivos justificáveis, foram representadas pelas águas mandadas por São Pedro e cia. E a chuva alagou Sampa. A terra da garoa fez jus ao nome em tempos de aquecimento global.

We only got 4 minutes, 4 minutes
Tick tock tick tock tick tock


Madonna distribuiu em blocos as músicas de toda a sua carreira em “Sticky and Sweet”, a turnê mais bem produzida que já foi vista com canções de seu último álbum [Hard Candy] e de muitos outros. Linguagens do cinema estiveram presentes com músicas em vídeo, mas, acima de tudo mostrando que ela continua no topo.


O grande jogo de Madonna é mostrar como a vida pode ser prazerosa olhando sempre pelo lado bom de cada fator. Polêmicas são naturais, afinal, o que uma mulher com 50 anos não tem o que contar? Já foi crucificada, açoitada e elevada à rainha do pop. Título que não perde tão cedo.

21/12/2008

Traiu ou não traiu?

Reprodução Rede Globo











A Rede Globo está de parabéns pela minissérie “Dom Camurro” que retratou todo o sofrimento de Bentinho desde o primeiro capítulo. No entanto, apesar da emissora valorizar o texto de nosso eterno Machado de Assis (que não é o narrador da história), o foco das chamadas para a atração ficou na “traição ou não de Capitu”.
Claro que essa é a grande dúvida que prega a história, mas não deixemos de analisar também outros recursos visuais e literários presentes na obra. Por exemplo: Capitu é muito à frente de seu tempo na obra e até na minissérie, com destaque para uma tatuagem no braço da atriz, Letícia Persiles, que faz a Capitu moça.
Capitu em um momento fala para Bentinho “se fores padre vais realizar meu casamento? E batizar meu primeiro filho?”. É a prova de que a mulher do século XIX não quer ser mais submissa ao marido. A questão religiosa é colocada em xeque também, além da vida cultural no Rio de Janeiro que começa a desenrolar de forma fantástica na cidade.
Quem viu esta adaptação para a TV e não gostou certamente não leu a obra. Foi o que concluí. Eu vi e adorei. Acompanhei os capítulos com uma edição de Dom Casmurro nas mãos e os nomes e textos foram retratados fielmente. Outras pessoas com quem conversei também gostaram, mas tinham lido a obra. As que não gostaram nem do primeiro capítulo revelaram para mim que não leram o livro.
Dom Casmurro é ainda um dos maiores mistérios da literatura brasileira. Alguns ainda inocentam Capitu. Outras a culpam. Mas Bentinho também se mostra como culpado em algumas situações da trama. E a mãe que a todo custo o quer num seminário devido a uma promessa feita antes de nascer? Promessa paga pelo milagre atribuído aos santos.
“Capitu” deve ser o pontapé inicial para que mais diretores divulguem a obra de Machado de Assis e tantos outros clássicos e autores da literatura brasileira que merecem maior reconhecimento dos brasileiros do que os estudiosos de outros países. Machado hoje é mais conhecido pelas suas obras no exterior do que no próprio Brasil. Isso é bom, mas tem sempre um lado desta história que não é...

09/11/2008

Fuga

Querido amor você não queria ser livre?
E querido amor você não queria uma proposta?
Esqueça esta vida
Viaje comigo
Não tenha medo do que possa acontecer
Eu protegerei você até o fim de nossos dias
O amor que existe em nós

E no fim do dia
Nós estaremos a caminho
Pra qualquer lugar
Onde o amor é mais que apenas o seu nome

Nosso amor profundo
Nosso amor sobrenatural
Nosso amor eterno
Capaz de superar tudo

Não ligue para o que os outros digam
Apenas esteja comigo

Vamos partir
Entre os vales e as montanhas
Repousaremos na relva verde da esperança
E sob flores vermelhas do nosso amor

30/10/2008

Mensageiros do swing


Uma noite destas em que gostaria de adquirir um pouco mais de conhecimento sobre novas bandas e grupos que geralmente não são muito reconhecidas pelo público porque a mídia não os explora, fui para a Praça de Eventos da minha cidade conferir a apresentação do “Funk Como Le Gusta”, uma big band que leva o funk como sua maior bandeira.
A noite estava agradável. Tinha chovido duas horas antes do grupo entrar no local, mas que nem molharam o chão da Praça de Eventos. Eis que entram várias pessoas vestidas de vermelho com as iniciais FCLG bordadas nas blusas e muitos instrumentos como teclados, guitarras e metais.
Os metais dão o tom para 90% das canções executadas pelo grupo. O Funk como Le Gusta tem um som muito agradável e é muito mais do que “Meu guarda chuva”. É qualidade cultural e musical de “16 toneladas” em que Reginaldo resume isso muito bem: ‘Quem não gosta de samba não gosta de nada’.
O samba executado não tinha passos coreografados pelos integrantes que dublam a voz em vários programas de TV (perdoem-me, mas isso é pagode), nem o funk das “preparadas”, “cahorras” e “tigrões” de plantão. É um ritmo que contagia, de forma dançante e que cativa famílias e os jovens.
Conversando com algumas pessoas pude confirmar minha “tese” de que as pessoas gostam principalmente de grupos que tem ampla exposição na mídia. Por exemplo, uma mulher chegou perto de mim e me perguntou:
- Jovem, qual é o nome deste grupo?
- É o Funk como Le Gusta.
- Ah, o Funk como Le Gusta. Legal, obrigada.
- Por nada.
Ela tirou a câmera digital de sua bolsa e começou a fotografar momentos do show e a dançar muito. Um grupo que ela conheceu naquela apresentação já foi digno de merecer espaço no HD do computador. Mostra a vontade por conhecer novos grupos e opções de sons.

Já outra pessoa, em vez de me perguntar o nome do grupo ouvi ela comentando com o marido ‘nossa, nunca vi este grupo no Faustão’. A assídua telespectadora só não conhecia o grupo porque não tinha visto no Faustão, mas será que algum outro programa global eles não apareceram?
Não acredito que o reconhecimento de uma banda se dê pela ampla exposição da mídia, e sim pelo desejo de procurar saber novas vertentes e novos sons. Tanto que cerca de 200 pessoas compareceram ao show gratuito e que vieram de outras cidades. Temos repúdio as vezes até pelo nome das bandas. E tem aquelas piadinhas também: ‘O que é Funk como Le Gusta? É de comer?’ E eu deixo uma pergunta: Antes da exposição da mídia o que eram “Calypso”, “Calcinha Preta”, “Tati Quebra Barraco” e tantos outros?
Somos acostumados a receber passivamente todas as informações despejadas nas nossas mentes, mas não somos acostumados a ser agentes ativos da sociedade e procurar coisas novas. É preciso mudar este cenário.

11/10/2008

A comemoração do samba

Queixo-me às rosas,
mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai

Angenor de Oliveira, nosso mestre Cartola...o trovador do samba faria neste sábado (11/10) 100 anos.

Oh! triste senhora
Disfarça e chora
Todo o pranto tem hora
E eu vejo seu pranto cair
No momento mais certo
Olhar, gostar só de longe
Não faz ninguém chegar perto
E o seu pranto oh! Triste senhora
Vai molhar o deserto

Saiba mais clicando na matéria a seguir: http://msn.onne.com.br/conteudo/6167/inverno-de-outros-tempos

Tina: um exercício acadêmico-literário

A seguir apresento um texto que foi fruto de um trabalho em sala de aula dentro de um exercício de jornalismo literário . Qualquer semelhança é mera coincidência. Tina neste texto é vista sob os olhos de um "traficante do morro":

Tina era uma coroa que chegou ao morro com um objetivo: virar traficante. A virada em sua vida teve um certo período com direito à universidade federal e estágio remunerado foi para o fundo do poço como um cigarro de maconha é tragado de forma instantânea.
A garota se arrumava bem e estava feliz pelo reconhecimento. Tina, como dizem os meus “brothers” era lésbica, porque parecia uma menina e não “sapatão” como vimos muito nos dias de hoje.
Tina não tinha nada a perder. Já não havia mãe, não conheceu o pai e tinha terminado o relacionamento. Pedro Henrique, o único garoto da infância que realmente tinha se apaixonado de verdade, nunca mais o viu.
Tina começou a vender maconha, mas consumia cocaína. Quando passou a vender ecstasy teve sua primeira overdose com uma mistura de crack e vodka.
Eu não bloqueava o consumo de Tina. Afinal, ela pagava para mim as drogas que consumia. Ou seja, o que ganhava comprava seus próprios vícios e vendia seus últimos pertences que tinha dividido com sua ex.
E, aos poucos, a morte levou Tina. As overdoses se tornaram internações no hospital público quando em uma noite, Tina não agüentou e expirou ao pedir um cigarro de maconha na maca do hospital. Até hoje não sinto culpa. Ela traçou o próprio destino.

02/10/2008

Reforma, restauro ou “jeitinho brasileiro”?

A língua portuguesa é, sempre foi e será por muito tempo a mais difícil do mundo, em se tratando de gramática e ortografia, por exemplo. Estou prestes a terminar a minha faculdade de jornalismo após ter cursado dentro das minhas disciplinas três semestres de língua portuguesa e quatro de redação. Ou seja, concluo que em oito semestres a “disciplina mãe” foi o português.
Mas depois da última segunda-feira (29/9), acredito já estar desatualizado. Tudo bem que a língua portuguesa sempre foi mudada, porque é uma mistura de radicais gregos e latinos com uma boa contribuição de Portugal, mas dentro do contexto político e sócio-econômico que nos encontramos hoje em dia, o que vai ajudar uma “reforma ortográfica”?
Não sou daqueles que falam que “em vez de uma quadra de esportes por que não construiu um hospital?”. De forma nenhuma. A questão é que gostaria de entender o motivo desta mudança que vai vigorar a partir de 2009. As prefeituras já vão começar a se movimentar para promover cursos de atualização para todos os professores da rede, assim como Estados e rede particular também devem fazer o mesmo.
Suprimir tremas, acentos agudos e circunflexos parece, ao meu ver, mais uma forma de melhorar a vida dos que nunca tiveram facilidade com a língua. Muitos acadêmicos da ABL (Academia Brasileira de Letras) até são a favor. Mas esta nova forma de “bolsa família” da nossa língua não me agrada nem um pouco.
Vou estar me atrevendo neste momento a estar finalizando este texto com muitos gerúndios.
Resumo da ópera: terei que atualizar meu português.

Urnas que falam
Em vez da reforma, acordo ou seja lá o que for, ortográfico, temos uma missão no próximo domingo. Nos encontraremos nas urnas (eletrônicas) para eleger prefeitos e vereadores dos municípios. Já dizia Machado de Assis [em mais uma homenagem nesta semana que comemoramos seu centenário] na coluna “A Semana”:

“(...) o xadrez, um jôgo delicioso, por Deus! Imagem da anarquia, onde a rainha come o peão, o peão come o bispo, o bispo come o cavalo, o cavalo come a rainha, e todos comem a todos. Graciosa anarquia, tudo isso sem rodas que andem, nem urnas que falem!”

28/09/2008

100 anos sem (?) Machado


A literatura e a política, estas duas faces bem distintas da sociedade civilizada, cingiram como uma dupla púrpura de glória e de martírio os vultos luminosos da nossa história de ontem.
(O ideal do crítico)

Segunda-feira, 29 de setembro de 2008. Há exatamente 100 anos entrava para a história um dos, se não o maior gênio da literatura brasileira. Machado de Assis: Um gênio brasileiro como denomina o jornalista Daniel Piza em seu livro de mesmo nome, vendido pela editora Imprensa Oficial.
Muitas são as comemorações, mas poucos são os que realmente lêem Machado de Assis. “Eu li Dom Casmurro” ou “Eu já li Memórias Póstumas de Brás Cubas” fazem parte de muitas falas do cotidiano brasileiro dos ex-alunos de Ensino Médio que foram obrigados a ler suas obras para o vestibular. Mas, “os livros clássicos são chatos” como diriam muitos, então, Machado é “chato”?

Eu pertenço a uma família de profetas après coup, post factum, depois do gato morto, ou como melhor nome tenha em holandês. Por isso digo, e juro se necessário fôr, que tôda a história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar.
(in Bons dias! Gazeta de Notícias)

Estão redondamente enganados. Quando se investiga a época em que determinado autor escreveu seus textos e sua essência passa-se a compreender as principais questões do tempo. Machado foi totalmente homem de seu tempo e de seu país. Escrevia, criticava e apontava os fatos do Século XIX como ninguém e também a transição do Império para a República.
Relações políticas, críticas culturais e muito jornalismo foram desempenhados pelo homem que saiu de agregado e se tornou o presidente, fundador e primeiro ocupante da cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Era mulato, pobre e usou o jornalismo como forma de exercitar seus textos, ficar por dentro das questões de seu tempo e o que viria pela frente, além de poder pagar suas contas, como todo bom brasileiro.

Educar a mulher é educar o próprio homem, a mãe completará o filho
(in Jornal A Estação)

Fico contente que as pessoas estão redescobrindo Machado. Estão lendo mais o autor de Quincas Borba. Mas espero que o centenário faça com que mais pessoas leiam com vontade em descobrir e “devorar” o que há por trás de seus textos cheios de humor e sarcasmo. Livros estão sendo lançados, Machado apareceu mais na mídia neste ano do que os candidatos a prefeito e vereador dos municípios brasileiros.
É nesta segunda-feira...centenário de morte de Machado, mas Machado está morto? Não. Machado é imortal, está vivo em seus livros, crônicas jornalísticas e diversos textos que escreveu em vida. Descubra um pouco mais deste grande cidadão carioca que merece nossas mais sinceras homenagens.

Está morto: podemos elogiá-lo a vontade
(O empréstimo)

19/09/2008

15 minutes

Foi o tempo que durou para os ingressos “VIP” do último show extra em São Paulo se esgotarem definitivamente. Como em qualquer um país subdesenvolvido uns conseguiram e tiveram “capital” para tal e outros não...
PS: prometo que no próximo post não falo mais da Madonna, mas não tem como não comentar...

06/09/2008

the end

após postar neste blog tive a confirmação dos shows de Madonna no Brasil, iniciou a venda e os ingressos se esgotaram...
the end

17/08/2008

Material Girl

Every little thing that you say or do
I'm hung up
I'm hung up on you
Waiting for your call
Baby night and day
I'm fed up
I'm tired of waiting on you


A “material girl” chegou a meio século de vida. Seu nome é Madonna Louise Veronica Ciccone, ou simplesmente Madonna para sua legião de fãs. Nasceu em Michigan (EUA), em 1958, e completou 50 anos. A Madonna que vemos hoje não é a mesma de quando começou a carreira. Grandes polêmicas marcaram sua trajetória assim como grandes fracassos em gravações, shows e vida pessoal.

I don't wanna hear, I don't wanna know
Please don't say you're sorry
I've heard it all before
And I can take care of myself

Mesmo assim, Madonna é única. Não existe xerox ou fotocópia. Muitas tentam imitar, é verdade, mas ninguém chega aos pés da rainha do Pop. Britney Spears já tentou, mas nem o beijo que selou a “passagem de bastão” às novas princesinhas do estilo (Britiney e Christina Aguilera) adiantou. Britney é, ao meu ver, uma cantora que não voltou a emplacar e agradar seus fãs e teve seus “4 minutes” com a grande exposição na mídia em que ficou drogada, alcoolizada e sem a guarda dos filhos. Mas a parceria Britney/Madonna em “Me against the music” foi interessante, admito.

All my people on the floor
Let me see you dance
Let me see ya


Comecei a gostar mais de Madonna a partir do disco American Life. Não nego. Foi um CD que me despertou para outros pensamentos. A faixa título tem uma crítica muito boa e é claro, uma polêmica por trás disto tudo. Não posso deixar de destacar Love Profusion, que tem um videoclipe muito bonito. Mas, depois despertei para as mais antigas como Beautiful Stranger, Frozen, Music, Rain, American Pie, entre outras.

Music makes the people come together
Music makes the bourgeoisie and the rebel

Depois chegou em minhas mãos o Confessions on a Dance Floor, uma raridade que pela faixa Hung Up por si só foi capaz de me fazer dançar nas melhores boates e festas que freqüentei dado também à explosão de todas as músicas, no sentido geral. O disco inteiro me dá a sensação de uma grande pista de dança com luzes, cores e, sobretudo, um mundo em que todas as pessoas são felizes por cantar, dançar, amar e se divertir.

You always love me more
Miles away


Madonna completa 50 anos bem sucedida. Mãe de família, dona de uma turnê que qualquer país deseja fechar shows em pelo menos 50% dos Estados para que muitos fãs vejam a rainha de perto. Ela está com novo CD (o Hardy Candy tem uma capa com estilo, por sinal) e parcerias de peso como Justin Timbarlake. A maneira de como cativa o público e os coloca pra dançar em tão pouco tempo, suas performances, bailarinos combinados com sua voz afinada e letras cada vez mais maduras e atuais mostram que ela está cada dia mais em forma. Madonna é como o melhor vinho de uma adega: quanto mais passa o tempo, melhor fica.

We only got 4 minutes to save the world

12/08/2008

A imprensa, a política e a Igreja Universal

Os livros de história nos relatam até hoje o poder da Igreja na época da Inquisição e até mesmo quando os padres rezavam a missa de costas para os fiéis em latim. Os tempos mudaram e com isso vieram a Reforma e a Contra-Reforma da Igreja, criando o chamado “protestantismo”, liderado por Martinho Lutero, em uma época que não havia a televisão, por exemplo. Nos 200 anos de imprensa brasileira, lembrados em 2008, muito temos o que comemorar, mas também o que “protestar”. Os meios de comunicação já foram chamados até de “quarto poder”, após executivo, legislativo e judiciário. Hoje em dia, o quinto poder voltou a ser a Igreja, mas a protestante, liderada pelos pastores da “Renascer” e da “Universal do Reino de Deus”, que monopoliza e mantém concessões de TV’s em todo o país, graças ao dízimo dos fiéis.
Os programas de TV’s evangélicos da madrugada recebem milhares de ligações do Brasil inteiro e pessoas que precisam de ajuda nos mesmos motes: dinheiro, amores, separações, filhos e violência doméstica. Tudo se tornou banal e basta colocar o copo de água para que o líquido seja abençoado pelo bispo, em troca uma porcentagem do salário mínimo brasileiro.
Parece-me que os canais de TV não cumprem o código de ética de difusão, que tanto fala em investir em programas educativos, jornalismo de qualidade e entretenimento para a família. O entretenimento virou sinônimo de banalização de casos “sem solução”, sexo, violência e corrupção.
A política também está presente nas esferas municipal, estadual e principalmente federal, com escândalos, desvios de verbas para saúde e educação, aumento de tarifas além das inúmeras Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPI’s).
Os comunicólogos da atualidade e os políticos também discutem mudanças na Lei de Imprensa, que segundo o governador de São Paulo, José Serra, é “um produto genuíno da época da ditadura”, se referindo a legislação, aprovada no século passado.
Com ou sem a Lei, em 200 anos de imprensa somos perseguidos por vários segmentos da sociedade por meio de comunicados, processos judiciais, prisões e torturas. Os estudantes devem mudar a visão do jornalismo e a forma como perseguem as pessoas que o desenvolvem.

07/08/2008

Beijing 2008

A capital chinesa composta pela população de olhinhos fechados, mas com a mente aberta para novas idéias em uma nação marcada pela diversidade de culturas e esportes que colocam o participante em contato com o “eu”, como o Tai Chi Chuan, será o destaque e o ponto de encontro das várias nações que vão participar das Olimpíadas, criadas brilhantemente pelos gregos.
Mas o que esperar destas Olimpíadas? Sucesso para os mais de 270 atletas da maior delegação de todos os Jogos? Claro. É o desejo do bom brasileiro que vai torcer pelos nossos atletas no solo, nas águas e no ar é de um ouro com nossa “prata da casa”.
Mais do que puramente esporte, os Jogos Olímpicos são uma oportunidade que as donas-de-casa, internautas e simples mortais têm para aprender sobre o país que já passou por anos de muito sofrimento e atualmente vive a glória de sediar os Jogos. Alguns se atrevem a dizer que japoneses e chineses “são todos iguais, afinal têm olhinhos puxados”.
Discordo desta frase. Se os olhos fossem determinantes para a identificação de um povo, o que seria do Brasil? A identidade tupiniquim é formada por vários olhos graças às imigrações, como a japonesa, que comemorou seu centenário neste ano. Em várias regiões vemos africanos, indígenas, alemães, chineses, japoneses, indianos, franceses, italianos e brasileiros “puros”.
Machado de Assis dizia que “a vantagem dos cegos é enxergar onde as grandes vistas não pegam”. Já que “uma imagem vale mais do que mil palavras” vamos fazer deste conjunto de cores, idéias, culturas e esportes a oportunidade de observar além do que é exibido. Perceber o que está oculto além do que nos é mostrado é o primeiro passo para diminuir preconceitos, racismos e enxergar o interior de cada ser – tenha olhos puxados ou não.

30/07/2008

A sala azul

Cheia de tecnologia
Silêncio...
Soro
Ping, ping, ping
A enfermeira confere a pressão do paciente em jejum
12 por 8
Silêncio...
O medidor de batimentos cardíacos é ligado
Tum tum, tum tum, tum tum
Tudo está normalizado
Os médicos chegam
Conversas
Tudo é ligado ao mesmo tempo
Tum tum ping tum tum ping tum tum ping
Três anestesias
Os olhos do paciente fecham
Conversas e ruídos
Tudo fica escuro
Escuro, muito escuro
Olhos pesados, pesados
O paciente dorme
Tudo fica bem, afinal, ele acorda
E não está mais na sala azul
Ainda bem
Tudo foi feito
E não doeu nadinha

25/07/2008

Dercy: O melhor “palavrão” dos brasileiros


É fato que uma das melhores atrizes e comediantes que tivemos no Brasil se foi após um século de vida. 100 anos de uma vida irreverente, polêmica, alegre, mas, sobretudo, do cacete. A carioca da gema Dercy Gonçalves não deixava por menos e era uma mulher que não levava desaforo pra casa. No entanto, no programa “Nada além da verdade”, exibido na popular TV do “homem do baú”, mostrou sua intimidade ao extremo e conquistou o prêmio mais alto por ter falado a verdade até o fim.
Dercy, em vida, era sinônimo de palavrões e piadas escrachadas, mas tinha uma inteligência de invejar muitos intelectuais ou as pessoas que vivem do riso de uma platéia pra ganhar o pão de cada dia. Trocando em miúdos: Dercy é f... O verbo “estar” fica no presente porque ela estará entre nós que a acompanhamos até o túmulo, que necessariamente não precisa ter uma pirâmide em cima.
Dercy e sua família, pelo que acompanhei, já esperavam pela morte da comediante. O Brasil não. Talvez a maior falta seja sentida pelas pessoas que lotavam as casas de espetáculo por onde ela passava ou até mesmo nas arquibancadas do sambódromo do Rio de Janeiro com os seios à mostra, sem necessitar puxar a música da Adriana Calcanhoto: “Nada ficou no lugar...”
A intimidade de Dercy era mais do que os palavrões que ela soltava nos espetáculos. Ela soube educar tanto a família, que está tranqüila onde quer que estivesse. Chegou a admitir que faria qualquer coisa pela filha, no programa “Nada além da verdade”. Foi o programa que teve mais audiência, talvez uma das únicas vezes que Sílvio Santos acertou na TV.
Mas não estamos discutindo sobre o SBT e sim que Dercy nos deixou uma grande lição, assim como todos os grandes nomes que partem desta vida. Aproveitar a vida e cada momento como se fosse o último. Parece jargão, mas Dercy soube fazer isso como ninguém e é um dos exemplos mais perfeitos que tenho. Ela chegou a mais de um século de vida? Sabendo viver. Com infância difícil, Dercy alcançou o topo das atrizes e comediantes. É o combinado da genialidade com vontade de mudança.

13/07/2008

Dom Machado

“Está morto, podemos elogia-lo a vontade”. Esta frase célebre de Machado de Assis no conto “O empréstimo”, pode soar estranha para os ouvidos mais críticos das pessoas, porém é muito clara e contemporânea apesar de ter sido escrita no século XIX.
A frase, usada por Machado no conto, é utilizada para celebrar o próprio Machado de Assis. Apesar de sua morte temos que elogiá-lo muito e a vontade de nossa veia literária e, sobretudo, vontade para celebrar um dos escritores que mais contribuíram para a formação de um país mais culto e letrado.
Agora, por que celebrar Machado de Assis após 100 anos de sua morte? “Já faz tanto tempo!”, podem pensar alguns internautas de plantão. Exatamente por fazer muito tempo que se foi, sua presença inquietante continua entre nós, seja na literatura ou até no jornalismo.
No jornalismo? “Esse blogueiro é maluco”, também podem pensar outras pessoas. Machado foi mais do que escritor...foi jornalista. No Brasil desde o século XIX não era preciso ser jornalista para ter estilo era preciso ter estilo para ser jornalista.
É difícil aquele que nunca ouviu falar em Memórias Póstumas de Brás Cubas ou em Dom Casmurro. O último é meu preferido, se querem saber. É de uma magnitude plena e intensa. É uma obra deliciosa para ser saboreada pelos melhores paladares. Já assisti a peça de teatro da obra, o filme “Dom” – ignorado pelo público brasileiro de um filme de ótima qualidade – e me preparo para assistir “Capitu”, obra que vai ser exibida pela Rede Globo em agosto.
A dúvida é a mesma: traiu ou não traiu? Já li o livro e o que me atrai é essa dúvida pregada pelo autor. Tentaram perguntar para a estátua de Machado na FLIP, mas ela não respondeu...claro! Foi um Machado representado fielmente pelo ator contratado para homenagear o célebre escritor.
Existem várias versões...Bentinho era louco e Capitu era leviana. Capitu traiu e Bentinho não ficou por baixo. Mas tudo é revelado de uma forma que deixa o próprio leitor com dúvida. Quando me perguntam “traiu ou não traiu”, prefiro adotar a teoria de que na verdade “Machado traiu os leitores com o final”.
Ao contrário do que muitos pensam, não deixa de ser uma obra prima. É maravilhoso. Capitu está na música, na literatura, em meus textos, nos jornais, em tudo...Machado, que passei a estudar e me interessar mais por sua vida e obra, é o autor que me influencia em alguns textos e na forma de agir perante aos fatos (jornalísticos ou não).

25/06/2008

Batalha (?) no campo da literatura



Eu queria decifrar as coisas que são importantes. E estou contando não é uma vida de sertanejo, seja se fôr jagunço, mas a matéria vertente

Após o auge das comemorações do centenário de imigração japonesa, o Brasil se prepara no campo da literatura para celebrar outro centenário, desta vez de nascimento do mineiro Guimarães Rosa, que nasceu em 27 de junho de 1908. Ótimo autor de livros como o “Grande Sertão Veredas”. Às vésperas das comemorações, a FOLHA MAIS! lançou um desafio para 30 críticos literários de renome nacional: escolher quem é o melhor escritor: Guimarães ou Machado de Assis, cujo centenário, desta vez de morte, lembramos no final de setembro.

Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que se já passaram. Mas pela astúcia que tem certas coisas passadas - de fazer balancê, de se remexerem dos lugares.

Pode parecer uma batalha no campo da literatura. Mas ao meu ver é uma batalha saudável, onde até na capa da Folha de São Paulo de domingo, podíamos ver montagens de Machado de Assis e Guimarães Rosa usando luvas de boxe, travando um verdadeiro duelo.
Eu tenho a minha preferência e inclusive já votei em uma enquete do próprio veículo. Mas serei imparcial o bastante para não dizer neste espaço em qual mestre eu votei. Ora, embora o resultado parcial aponte as opções “Machado de Assis” e “Não dá para comparar um ao outro” como em primeiro e segundo lugar, respectivamente, a melhor obra entre “Dom Casmurro” e “Grande Sertão: Veredas”, fica para Machado.

Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada.

Rosa é talvez o maior escritor do século XX e Machado, o maior do século XIX. Rosa é “do campo”. Machado é urbano, escreve com prazer e de modo humorístico-sarcástico. Dignou-se também a criar a Academia Brasileira de Letras por onde passaram grandes escritores brasileiros. Machado é considerado pelos americanos (sim por eles!) um verdadeiro milagre. Muito pouco se sabe de sua infância, mas de um agregado morreu consagrado como homem de letras.

É justo comparamos Machado a Guimarães Rosa? Sim é justo. Não são comparações maldosas ao meu ponto de vista. São comparações salutares em que não existem pífios escritores no mesmo patamar. São dois escritores que realmente revolucionaram a literatura no Brasil e tem suas comemorações merecidas neste ano. Se todas as batalhas existentes fossem como essas no campo da literatura de qualidade que prima por uma sociedade melhor informada teríamos sempre o mesmo vencedor: o leitor.

A terra lhes seja leve!

21/06/2008

Ô ô ô, a Mangueira chegou, ô ô

Não sou carioca. Sou paulista de coração, mas admiro o Rio de Janeiro. O Carnaval não é e nunca foi uma das minhas paixões. Porém, acho que nada tira o brilho de uma escola de samba desfilar pela avenida. O trabalho de milhares de pessoas, que riram, choraram, se empenharam e olham o trabalho de quase um ano na avenida sendo aplaudido pelo público de pé com as bandeiras na arquibancada.
Não não...este texto não é uma micareta em forma de caracteres. É muito mais que isso. Enquanto há 100 anos nascia Cartola, em 2008, José Bispo, mais conhecido como “Jamelão” nos deixa com seus sambas e uma história completa na Estação Primeira de Mangueira. Jamelão foi marca registrada da “verde e rosa” carioca, por sua maneira de conduzir a escola e também por criar polêmicas, mas que em comparação aos escândalos políticos da atualidade não são nada próximo ao que ele representava para o Carnaval brasileiro e não somente para o Rio de Janeiro. Jamelão não quer ser homenageado. E esse não é meu objetivo. De maneira nenhuma escrevo textos para prestar homenagens a outras pessoas. Redijo textos porque gosto de treinar minha escrita cada vez mais e estar mais próximos de acontecimentos que não são tão comuns de comentários.


Chora, disfarça e chora
Aproveita a voz do lamento
Que já vem a aurora
A pessoa que tanto queria
Antes mesmo de raiar o dia
Deixou o ensaio por outra
Oh! triste senhora
Disfarça e chora
Todo o pranto tem hora
E eu vejo seu pranto cair
No momento mais certo
Olhar, gostar só de longe
Não faz ninguém chegar perto
E o seu pranto oh! Triste senhora
Vai molhar o deserto
Disfarça e chora

Assim como Jamelão, Cartola (Angenor de Oliveira) é um mestre em compor músicas. Ele, que neste ano comemoramos o centenário de nascimento, ajudou a escrever uma das que mais gosto da MPB, que é “Disfarça e Chora”. Conheci a canção pela voz marcante de Zélia Duncan, ao lançar pelo selo da “Duncan Discos”, o álbum “Eu me transformo em outras”, título atribuído a canção “Quem canta seus males espanta”, do incrível Itamar Assumpção.
É uma maneira apaixonante que pode ter múltiplas interpretações dependendo do ângulo em que se analisa. Um amor não correspondido, um amor que não deu certo, uma traição, tristeza, mágoa e outros sentimentos.
Nossos melhores compositores estão indo embora, nos deixando um legado de histórias, trajetórias em que muitos não tiveram sorte, além de canções imortalizadas. Na literatura e no jornalismo também. Devemos nos inspirar em exemplos como Jamelão e Cartola para ouvir cada vez mais qualidade do que simplesmente fica com o que é “descartável”.

10/06/2008

lost..

Quero um texto em alta resolução que possa me dizer a verdade sobre as voltas que a vida dá, sobre os medos que eu nunca tive, sobre a saudade que ainda vou sentir da namorada que vai embora. Alta resolução? Imagem refletida da tecnologia que nos faz criar idéias baseadas em um cotidiano “in time”.
Meu MP4 não reproduz a essência de um livro, não reproduz o gosto de viver a aventura de Robin Hood em cada página ou capítulo descrito nos mínimos detalhes. Meu orkut não reproduz a aventura (digital por que não?) que posso ter pela história dos imortais da Academia Brasileira de Letras (www.academia.org.br)? Passando desde Machado de Assis até Joaquim Nabuco, Paulo Coelho, Zélia Gattai e Jorge Amado? Pessoas que fazem das palavras, os substantivos essenciais para a construção de uma sociedade mais informada e (por que não?) educada e comportada.
Hoje sei que vários fatos e fatores que acontecem em minha vida vou sentir saudades um dia. Mas do que eu vou realmente sentir saudades é do que eu NÃO vivi. Do beijo que não dei na garota desejada, da viagem cultural que não fiz porque não tive o interesse, do emprego que descartei por achar prolixo, das amizades que não mantive por medo de se tornar algo mais sério e principalmente de algumas respostas que não dei a pessoas hipócritas e fúteis que me incomodaram durante um bom período da minha vida, perguntando coisas que eu não gostaria de ouvir e eu respondendo coisas que não gostaria nem que saíssem da minha boca.Hipocrisia ou não, comecei mais um texto sem pé e terminei sem cabeça. Ficou dito o que eu queria e publicado neste blog. FIM

26/04/2008

Um site para Capitu

Decidi em comemoração aos 100 anos de morte de Machado de Assis (efeméride esta muito valorizada em 2008) me aprofundar e fazer um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre o assunto. Hoje para relaxar, voltando da Faculdade, ouvi Zélia Duncan e suas músicas que relembram grandes nomes da MPB. Uma delas ouvi com mais atenção...já tinha uma forte atração pela canção por ser forte e atrativa, porém vários fatos me chamaram a atenção. Confiram:

Capitu
Zélia Duncan
Composição: Luiz Tatit

De um lado vem você com seu jeitinho
Hábil hábil, hábil.. e pronto!
Me conquista com seu dom

De outro esse seu site petulante
WWW ponto poderosa ponto com

É esse o seu modo de ser ambiguo
Sábio, sábio
E todo encanto, canto, canto
Raposa e sereia da terra e do mar
Na tela e no ar
Você é virtualmente amada amante
Você real é ainda mais tocante
Não há quem não se encante

Um método de agir que é tão astuto
Com jeitinho alcança tudo, tudo, tudo
É só se entregar, é só te seguir, é capitular

Capitu
A ressaca dos mares
A sereia do sul
Captando os olhares
Nosso totem tabu
A mulher em milhares
Capitu

De um lado vem você com seu jeitinho
Hábil hábil, hábil.. e pronto!
Me conquista com seu dom

De outro esse seu site petulante
WWW ponto poderosa ponto com

É esse o seu modo de ser ambiguo
Sábio, sábio
E todo encanto, canto, canto
Raposa e sereia da terra e do mar
Na tela e no ar
Você é virtualmente amada amante
Você real é ainda mais tocante
Não há quem não se encante

No site o seu poder provoca o ócio, o ócio
Um passo para o vício, o vício, o vício
É só navegar, é só te seguir, e então naufragar

Capitu
A ressaca dos mares
A sereia do sul
Captando os olhares
Nosso totem tabu
A mulher em milhares
Capitu

De um lado você vem com seu jeitinho
Hábil, hábil, hábil... e pronto!
Me conquista com seu dom

De outro esse seu site petulante
WWW ponto poderosa ponto com

É esse o seu modo de ser ambíguo
Sábio, sábio
E todo encanto, canto, canto
Raposa e sereia da terra e do mar
Na tela e no ar
Você é virtualmente amada amante
Você real é ainda mais tocante
Não há quem não se encante

No site o seu poder provoca o ócio, o ócio
Um passo para o vício, o vício, o vício
É só navegar, é só te seguir, e então naufragar

Capitu
A ressaca dos mares
A sereia do sul
Captando os olhares
Nosso totem tabu
A mulher em milhares

Capitu
Feminino com arte
A traição atraente
Um capitulo a parte
Quase vírus ardente
Imperando no site
Capitu

Capitu
A ressaca dos mares
A sereia do sul
Captando os olhares
Nosso totem tabu
A mulher em milhares
Capitu!




Luiz Tatit sempre foi um músico excelente e já escutei diversas músicas dele. Além de Zélia, Na Ozzetti também gravou “Capitu”.
Já ouvi várias afirmações de autores que dizem “Todas as mulheres tem um pouco de Capitu”. Mas não pela possibilidade das mulheres fazerem como Capitolina (personagem de “Dom Casmurro” de Machado de Assis): poderem ou não (e essa é a grande dúvida e mistério do livro) traírem seus maridos. E sim pela força da mulher, considerada o “sexo frágil”, de não aceitar tudo o que lhe dizem e sim de tomar a iniciativa.
É um tipo feminino que atrai as pessoas e também os leitores. A música é deliciosamente feita para os melhores ouvidos. Capitu na canção não tem somente “olhos de ressaca” mas ela é a própria “ressaca dos mares em forma de sereia do sul”.
Existiria Capitu no Século XXI? Segundo a letra, pela minha interpretação poderia até existir. E mais interessante e recomendo que ouçam também, é que ela teria o site www.poderosa.com Isso é demais. É totalmente inovador. Se Machado de Assis é um gênio e sempre será pelos séculos, Capitu é uma personagem adorável e sempre será amada por compositores, literários, jornalistas e amantes da cultura como eu. E ainda teria um site que faz jus à sua personalidade.
Proposta: Se hoje em dia ainda cabe o termo “navegar” na internet, entramos no “site” de Capitu, somos atraídos por seu “feminino com arte” e por ser “um capítulo a parte”, seguimos a ressaca dos mares e naufragamos nos mares...sempre com muito vício vício vício.
E digo pra finalizar esse post: “Dom Casmurro” e a música “Capitu” não são “traições” mas são “atraentes”. Traição é desgostar da nossa língua portuguesa, negar os grandes escritores brasileiros e não gostar de lei. Se um país é feito por heróis que saem das telas do “Big Brother” recomendo que a população desligue o televisor.

12/04/2008

Sobre Coca Cola e Mc Donald’s

Um certo dia conversava com um amigo meu sobre a cultura brasileira. Cultura é um conceito muito amplo para ser definido por mim e existem vários filósofos, antropólogos, jornalistas especializados e outros profissionais que podem definir melhor do que eu. Neste momento pego na estante o maior orientador das pessoas que buscam significados para a continuidade dos textos: o dicionário.
Retomando: Cultura é caracterizada pelo complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações artísticas, intelectuais transmitidos coletivamente e típicos de uma sociedade.
Enfim, após grandes papos sobre diversas culturas e as chamadas “tribos” nos pegamos falando sobre cultura americanizada e que nós, brasileiros temos influências. Ora, muita gente não gosta das coisas que vem da terra do Tio Sam, porém todos os que lêem esse texto consomem ou já consumiram em algum momento da vida: Coca Cola e Mc Donald’s.
Talvez por vício chamamos a Pepsi de Coca Cola e trocamos Bobs por Mc Donald’s. Enfim, é importante dizer que ao meu ver (é claro, não sou dono da verdade apesar de não conseguir definir desde o início da faculdade se existe “verdade” absoluta em minhas aulas de filosofia), a cultura é uma verdadeira troca de informações, seja ela por vestimentas, costumes ou mesmo por via oral e escrita.
Por isso não podemos condenar a cultura de cada indivíduo. Há os vegetarianos que têm uma forma de cultura diferente dos devoradores de carne vermelha e “cocólatras” assumidos. Porém, são provas de que vivemos em um mundo capitalista onde as diferenças existem não somente pela forma de quem tem mais dinheiro ou menos, e sim pelas pelos estilos das “tribos” e grupos, além das formas de alimentação, de dormir, de escrever, de falar ou mesmo de ouvir música.
Portanto, sempre haverá um tipo de cultura que agrade algum gosto. Como diz minha mãe “Sempre existem músicas para os mais diversos ouvidos” e eu concordo com ela. Se o advento do pagode/funk já fez adeptos em todo o país, quero apenas curtir meu rock/mpb/soul (e muito mais) tranqüilo, refrescando a garganta com coca cola e alimentando o cérebro com cultura de qualidade. Da qualidade que EU exijo, é claro!

05/04/2008

O Vento

O vento sussurra a janela
Com ele chegam minhas lembranças
Profundas como um abismo
Mas livres como pássaros em uma floresta

A noite lá fora está fria
Aqui dentro está quente
Mas me sinto sozinho e estou frio por isso
Ao menos as lembranças me fazem companhia

Na verdade eu queria o conforto de um amor tranqüilo
O carinho dos amigos mais queridos
A união das famílias
E que o vento levasse as lembranças ruins embora




Foi a partir do vento que sua brisa me aconchegou de uma jeito frio em sua forma, mas ao mesmo tempo a sua essência era quente. É nesse jogo de contradições que nascem os melhores textos, produzidos por pessoas que, sobretudo gostam de escrever. Apenas isso, nada mais.
Cada ação depende da própria para acontecer. Quando uma estrela brilhar mais forte que outra, perceba e indague por que motivo isso acontece.
O vento nós não vemos, apenas sentimos sua presença se manifestando de inúmeras formas a fim de direcionar velejadores, produzir energia eólica e (por que não) inspirar pessoas que estejam com suas mentes abertas ao conhecimento e em busca de novos horizontes?
Finalizo este escrito digital com uma frase de um autor desconhecido: "Os ventos que as vezes nos tiram algo que amamos, são os mesmos que nos trazem algo novo para amar".