27/12/2009

O que esperar de 2010?

2009 vai embora. E com ele tudo o que aconteceu ficará marcado para a história e será determinante para as ações a serem feitas nos próximos anos, a partir de 2010. Chuvas, enchentes, mortes, queda do diploma de jornalista, gripe suína, mensalões que o povo esquece na hora do voto, dengue...não foi fácil enfrentar todos os fatos, sobretudo no meu caso, noticiar e passar as informações oficiais aos meios de comunicação. É complicado você manter em seu cérebro muitas informações e ainda toda a forma de passar para a imprensa de forma correta e não deixar dúvidas ou brechas para discussões.

Panorama geral: só lembramos das catástrofes...não...tiveram coisas boas também em 2009, mas decididamente nesse minuto de domingo não me ocorre nada no momento que influencie a vida de todos os brasileiros. 2010 será ano da Copa do Mundo e de eleições para presente da república, governador, deputados estadual e federal e senadores. Será o ano da diversão do futebol e da seriedade (?) das eleições.

Todo Réveillon é a mesma coisa: todos se reúnem com os amigos e/ou com a família para cantar músicas consagradas como: “adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize, no ano que vai nascer, muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender”. Fazemos contagem regressiva, vemos a queima de fogos, sonhamos com os votos de paz, saúde, felicidade, prosperidade, amor e também pulamos as sete ondas (para quem passa na praia) pra dar sorte no ano novo.

Mas não dá pra se despedir desse post (não do blog, claro) sem desejar aos internautas leitores, um ano novo de BOAS NOTÍCIAS a todos!


PS: Não me despeço do blog e sim do post ok pessoas? 2010 prometo escrever mais. Passei um bom período sem postar por falta de tempo, podem me seguir no twitter (@gusjornalista) ou ver minhas fotos no flickr (www.flickr.com/olharesprofundos)

19/08/2009

‘Chiaroscuro’ – um disco adorável


Não é 8 nem 80 e nem 256tonsdecinza. Chama-se ‘Chiaroscuro’ o terceiro disco de estúdio da roqueira baiana Pitty, que é adorada, mas também odiada por muitos. Ela surge com som diferente e maneiro em seu novo trabalho, com 11 músicas inéditas que, se bem exploradas, pode mudar a opinião de muitos críticos de plantão.

A começar pelo primeiro single. “Me Adora” chegou recentemente às rádios e também é um dos vídeos mais assistidos no youtube. Na canção, a artista começa contando que viveu muitas ilusões (tantas decepções eu já vivi / aquela foi de longe a mais cruel). O barato é que não sabemos qual é ‘aquela decepção cruel’ tão cantada e conclamada na música e isso se encaixa em várias situações do cotidiano humano. Afinal, quem nunca passou por várias decepções e elegeu as mais cruéis pelo qual já passou?

Continuo citando “Me Adora” porque é a coqueluche do momento. A letra é relativamente fácil de ser compreendida, mas, quando ouvida pela primeira vez, pode causar estranhamento no refrão. Sim, estamos falando do ‘foda’ incluído na letra da música (Que você me adora / que me acha foda / não espere eu ir embora pra me dizer).

Quando ouvi pela segunda vez percebi que tinha ‘algo a mais’ a ser desvendado pela letra. E realmente tem. A letra, para mim, surtiu um significado interessante. Até que ponto uma pessoa dá valor à outra? Geralmente, damos mais importância quando ela não está entre nós (separada ou morta). Por não dar o braço a torcer, não dizemos no momento certo que adoramos a pessoa que está para partir.

Mas não só de “Me Adora” é composto o novo trabalho de Pitty. O CD fala de sentimentos, valores e ações próprias do ser humano. É composto por “8 ou 80” que dá início ao disco com um rock de ‘aquecimento’ para as outras dez canções. “Medo” vem um pouco mais agressivo e levanta a questão humana de simplesmente ‘sentir medo de ter medo’.

O medo, se chega ao seu extremo, pode levar às lágrimas. Para isso “Água contida” resume um pouco deste momento que pode ser patético, porém, necessário: Então sai, deixa correr /Toda a água contida /Então sai, deixa correr / Toda mágoa velada é água parada / E uma hora transborda.

Duas músicas que se destacam em ‘Chiaroscuro’ são “Fracasso” (Vive tão disperso olha pros lados demais / Não vê que o futuro é você quem faz porque o fracasso lhe subiu a cabeça) e “Desconstruindo Amélia” (Hoje aos 30 é melhor que aos 18 / Nem Balzac poderia prever / Depois do lar, do trabalho e dos filhos / Ainda vai pra nigth ferver). A segunda canção é uma ‘atualização’ da Amélia (aquela que era mulher de verdade). Em nenhum momento este nome é citado, apenas foi nomeado desta forma.

Outros discos e análise final
“Admirável Chip Novo”, primeiro disco da cantora, teve um estilo que a lançou para o sucesso. “Anacrônico” consolidou a artista dentro do cenário do rock de uma forma ‘arretada’.

“Chiaroscuro” não é, no momento, o melhor disco da carreira de Pitty porque ainda não foi explorado em sua totalidade. Mas tem conteúdo suficiente para provar que uma mulher pode levantar o rock brasileiro em grande estilo.

O disco mostra também a capacidade de poder inovar nas letras sem se preocupar com o consumismo e se as letras vão ‘pegar’ fáceis na língua das pessoas e grudar como chiclete ruim de ser mastigado. CD bom é composto por qualidade nas letras, sonoridade e capacidade de transmitir pensamentos. Tudo isso é passado pela roqueira. Já é um ótimo começo para um novo trabalho.

10/07/2009

Pelo sabor de ouvir Zélia Duncan


Sutil, apaixonante e, simplesmente, formidável. Boas razões para ouvir o novo disco de Zélia Duncan. “Pelo sabor do gesto”, faixa 6 do álbum, traz uma cantora que cada vez está mais madura, experimenta novos sons e ritmos envolventes.

Compositores desconhecidos do popular, com alguns muito interpretados por Zélia (caso de “Duas Namoradas”, de Itamar Assumpção), a temática do trabalho da artista é o amor. O amor que é correspondido, o mesmo amor em que cabem todos os verbos do mundo, a ambição de encontrar a alma gêmea, tocado pelo sabor do gesto, entre outras casualidades do dia-a-dia como também descobrir tudo em 24 horas, uma semana e até 365 noites.

É decididamente um álbum que tem começo, meio, mas não tem fim, pois, “Nem tudo que acaba aqui deixa de ser infinito”. Após ouvir bastante o disco deixo minhas impressões de cada música:

Boas Razões: A faixa que abre o disco é arrebatadora. Um ritmo que ainda não tinha ouvido Zélia experimentar. A canção mostra que não tem nada de pré pós tudo bossa band e sim uma sonoridade que ZD e Fernanda Takai investem a voz para entrar na temática do amor.

Todos os verbos:Errar é útil, sofrer é chato”. Nessa música a temática já está estabelecida e o contato entre ouvinte e artista já foi feito. Senti uma certa continuidade e conexão com a música “Boas Razões”. “Todos os verbos” mostra que o ‘amar’ é ligado aos outros verbos como errar, sofrer, odiar, entre outros.

Telhado de Paris: Melodia doce e arranjos mântricos. Tem elementos da natureza e coloca em nossas mentes uma paisagem única, que cada um imagina na memória.

Tudo sobre você: Quem não gostaria de descobrir em 24 horas tudo o que o (a) amado (a) adora, tudo que o (a) faz feliz e em um fim de semana tudo o que ele (a) ama e no prazo de um mês tudo o que ele (a) já fez? Os desejos são expressos nesta canção em rimas excelentes.

Sinto encanto: “Eu ouço sobre o amor e me calo. Eu não quero nem saber o que me espera”. Mais uma vez o amor é tratado com carinho nesta música e deixa uma lição “Ninguém sabe tudo, nada é perfeito”. Apesar de tudo, Zélia canta e sente encanto.

Pelo sabor do gesto: Zélia se refere nessa música, novamente, ao amor ser tocado pelo sabor do gesto e ao “morder fundo a maçã”. Numa análise livre podemos dizer que a maçã é o fruto do amor, tendo em vista que nas mais variadas festas e parques de diversão, geralmente próximo à roda gigante, sempre há um carrinho com “maçã do amor”.

Ambição: Música forte escrita por Rita Lee. Também o amor toma conta de toda a letra, mas “nem tudo são flores”. É necessário para viver bem um grande amor, dinheiro, fazer ‘um pouco de tudo’ para assim ‘ganhar o mundo’.

Esporte fino confortável: O amor nesta música é tratado como o sentimento entre amigos de verdade, principalmente no verso “Amizade que é amizade intima rima com intimidade”. Quem não tem um amigo que realmente ama? Quem nunca amou um amigo? Quem irá dizer que no futuro não haverá um amigo para amar? Porque amizade é um “esporte fino confortável”.

Os dentes brancos do mundo: “Compre seu sonho em vida sorrindo/veja os dentes brancos do mundo ei/eu me aposentei desta vida/e dirijo empresa de sonhos”. Apenas voz e violão. É uma irmã-gêmea de “Pelo sabor do gesto”.

Se eu fosse: Metáforas, comparações ou qualquer coisa que você possa definir. “Se eu fosse”, Zélia relaciona os mais variados estilos musicais (por qual já passou ou mesmo ouvia quando criança) para relacionar a busca pela alma gêmea: rock, modinha, forró, maxixe, canção, letra de música e até os grandes “Bach” e “Beethoven”.

Aberto: Zélia revive nesta canção um estilo já adotado em outros discos – o pop/rock. Letra pequena, simples e que o coração ficará aberto para a pessoa amada “apesar da chuva, apesar da rua, apesar da hora, apesar dos pesares”.

Se um dia me quiseres: Música com qualidade a la Zeca Baleiro. Só conferindo pra comprovar o ótimo resultado.

Duas namoradas: Canção de Itamar Assumpção. Nela, Zélia lembra que a música e a poesia são suas “duas namoradas” também. A bigamia é justa e esclarecida durante toda a letra. Porque é impossível separá-las.

Nem tudo: A faixa que encerra o disco, não o encerra na verdade. Deixa um “que” de continuidade. Começa com som de violão e estalar de dedos e deixa a mensagem “Nem tudo que acaba aqui, deixa de ser infinito”. Afinal, se “nada” é pra sempre “tudo” não deixa de ser infinito.

28/06/2009

Michael: Ritmo, voz e muitas histórias para cantar

“Uh!”. Talvez esse grito seja um dos mais famosos ecoados pelo rei do pop que nos deixou na última semana e, agora, descansa após uma vida muito cansativa, com acusações que não foram provadas, mas também não foram esquecidas.

Com a morte de Michael Jackson veio em minha mente um rápido filme de sua vida enquanto pude acompanhá-lo. Começou cedo nos palcos da vida ao lado dos irmãos e depois seguiu carreira solo. A música foi a melhor parceira durante toda trajetória do astro. E que qualidade de canções desde cedo. Se citarmos todas que mexem com a mente e o coração dos fãs faltará espaço nesse post. Algumas que posso citar são os hits Billie Jean, Beat It, Black or White, Thriller, Bad, Say Say Say e Rock with you.

Lembro-me que quando criança conheci Michael Jackson por meio dos jogos de videogame. O leitor provavelmente lembra do jogo “Michael Jackson’s Moonwalker”. Eu adorava passar tardes e noites salvando as crianças em cada cenário de seus clipes contra o mal. Seus golpes eram os próprios passos de dança e o andar era sempre coreografado. Na época uma inovação e tanto da Sega.

Nas pistas de dança quem nunca arriscou alguns passos? Eu mesmo já fiz isso muitas vezes quando ia nas boates e casas noturnas. Lembro também que a pista fervia no momento que vinham as melhores músicas dos tempos de auge de Michael.

Mesmo sendo tão famoso, contagiando tantas pessoas em todo o mundo, a morte não era prevista para este momento. Michael tinha anunciado uma série de shows para pagar suas dívidas e mostrar que ainda tinha muito que viver. Mas, os espetáculos não aconteceram e no lugar uma comoção geral em todo o mundo tomou conta do atual cenário. Não houve crise que impediu fãs de aumentarem em mais de 40% a venda de artigos como CDs e DVDs de MJ.

Todos querem ficar com a última lembrança do artista: a lembrança do astro que mudou a forma de fazer música pop e influenciou tantos e tantos artistas do planeta com música, ritmo e vontade de viver. You are not alone!

Heal the world
Make it a better place
For you and for me
And the entire human race
There are people dying
If you care enough for the living
Make it a better place
For you and for me

Cure o mundo
Faça dele um lugar melhor
Para você e para mim
E toda a raça humana
Há pessoas morrendo
Se você se importa muito com a vida
Faça um lugar melhor
Para você e para mim

(Heal the world - Michael Jackson *1958 +2009)

19/06/2009

O valor da minha graduação em jornalismo

Terminei minha graduação em jornalismo em dezembro do ano passado. Se for lembrar dos momentos que tive na faculdade rende até um livro com boas histórias que vou levar sempre na memória. A universidade realmente é o local onde passei os melhores momentos da minha vida até agora. Junto com ela, tive o prazer de aprimorar meus conhecimentos realizando estágio na Assessoria de Imprensa de São Sebastião. Após minha formação tive minha colação de grau em janeiro deste ano e, logo após, consegui fazer dois freelancers para uma revista e hoje integro a Assessoria de Comunicação de Caraguá.
Formei-me cedo, tenho 21 anos, e meu MTB já está praticamente para sair. Tamanha alegria em atuar na minha área logo após formado, fazendo o que gosto e o que aprendi em quatro anos de estágio e na universidade, foi abalada na última quarta-feira quando o STF deu um duro golpe no meu estômago.
Não é mais obrigatório o diploma de jornalismo. E agora? Que valor terá o diploma que a faculdade vai emitir pra mim entre agosto e setembro deste ano? Que valor os juízes (exceto um) atribuíram às cinco horas diárias de viagens que eu tive de São Sebastião para Mogi das Cruzes, além do estágio que eu fazia na prefeitura? Que valor foi dado para as poucas horas de descanso que me sobraram?
Mesmo com tantos problemas enfrentados pela sociedade brasileira, que deseja se encontrar em uma profissão ou obter o título de graduação, alcancei um degrau que muitos ainda não pisaram ou talvez nem pisem.
Também tive outros momentos que levarei para sempre em minha mente: as discussões salutares em sala de aula, as conversas com os professores, a criação de jornais, revistas, sites e até um livro-reportagem.
A partir de todos esses treinos acadêmicos, meu objetivo sempre foi escrever muito bem e procurar, como Truman Capote dizia buscar, a verdadeira arte. Não sou artista e sim jornalista. Refletindo a verdade para propor interpretações e sugerir alternativas para a sociedade.
Mas não. Eu estava errado! Após a decisão do STF decidi qual é a minha missão. É cozinhar. Em vez de um livro de memórias em tom de jornalismo literário ou mesmo minha sonhada pós-graduação em jornalismo cultural vou me especializar em massas, bolos, tortas e afins. E ao contrário do que o Sr. Ministro pensa, pra eu saber cozinhar tudo isso também preciso de cursos. Existem cursos de gastronomia. Mas o STF sabe (na prática) como fazer uma pizza.

07/06/2009

Defendendo o diploma

Hoje vou me dedicar a divulgar uma campanha muito importante e de forma gratuita...

É um absurdo como ainda hoje discutimos coisas tão patéticas e tão óbvias ao mesmo tempo. Discutir a obrigatoriedade do diploma é uma delas. A FENAJ enviou um informativo a todos os cadastrados no mailling (como eu) chamando a sociedade para que nosso diploma após quatro anos de faculdade não tenham sido em vão.


Diz o texto: O Supremo Tribunal Federal (STF) deverá julgar a obrigatoriedade do diploma no Jornalismo. A pauta foi incluída como primeiro ponto da sessão, e só deverá ter o julgamento adiado se o ministro Marco Aurélio incluir o caso do menino Sean - cuja guarda está sendo reivindicada pelo pai nos Estados Unidos.


Este ataque frontal à regulamentação da profissão e à qualidade do Jornalismo brasileiro teve início em 2001, a partir do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo A juíza Carla Rister concedeu liminar suspendendo a exigência do diploma para a obtenção de registro profissional e obrigou o Ministério do Trabalho e Emprego a fornecer registro de jornalista, ainda que precário, a qualquer pessoa que o solicitasse.


Ora, se o diploma é primordial para qualquer profissão por que no jornalismo tem que ser diferente? O canudo deve ser obrigatório para o exercício do jornalismo, ele não é um rótulo, ele é um símbolo representativo de conteúdo durante o tempo que o aluno passou na faculdade, do que investiu, de que se arriscou nas estradas, do dinheiro que gastou com alimentação, moradia, livros, xexox e muito mais. É um afronta para a comunicação social.


Dia 10 jornalistas e simpatizantes dos profissionais de imprensa, fiquem atentos porque a forma de se fazer comunicação vai mudar profundamente, para melhor ou pior. É esperar pra ver.

26/05/2009

A quem se machuca

Inimigos são duas pessoas pertinho uma da outra. Só que de costas. Há duas situações inimigas dentro do amor. Pertinho e uma de costas para outra. Ambas ameaçam dar certo e não dar certo.
Os anos me ensinam que quando se ama, tanto se teme enfrentar a possibilidade de dar certo, cheia de prisões e tentáculos, como o risco de não dar certo e ficar rompida uma harmonia que poderia ter dado certo. E, se poderia vai doer se não viver.
Ambas as situações convivem em quem se ama. Porque "viver bem" não é dar certo. Dar certo é ser capaz de prosseguir apesar do desacerto. "Viver mal" não é necessariamente dar errado. Dar errado é não poder prosseguir.
Composto de partes inimigas é o amor. Ele só se enriquece dos cansaços incapazes da destruição. Ele só vive do imperfeito de cada confronto. Ele só é, quando vive ameaçado de deixar de ser. Caso contrário não seria: simplesmente deixaria de ser.
Os inimigos são duas pessoas pertinho uma da outra, mas de costas, porque se virarem se encontrarão. E é isso o que temem. São mais unidos, talvez, que amigos, um de frente para o outro, mas a metros ou quilômetros de distância e só por isso se entendem.
O medo de amar é o medo de estar perto demais, o que de certa forma escraviza. O engano de amor é estar longe, mas de frente, o que de certa forma atenua.
A coragem de amar é como a coragem de SER: é fazer os dois inimigos de costas um para o outro, virarem-se de frente para sentir hálito, olho, medo, força, ternura, muita raiva e muito carinho e aceitar tudo, por isso amar.
A falsidade do amor é permanecer de frente como amigos: pura e simplesmente se aceitando. Sem contradição. Sem a oposição capaz de ser vencida pela permanência do sentimento, a despeito do eu de cada um.
O medo de quem ama é o medo da relação profunda. Porque é nela que está a entrega. E tão profunda que não rompe, apesar das tragédias da superfície. E a superfície só faz a tragédia, para impedir que o eu contemple de frente a relação profunda.
A relação profunda implica o que não se destrói apesar das diferenças de cada um.
Na relação profunda está o desamparo e a necessidade tão pura que nunca pôde vir à tona. Na relação superficial está a fantasia, o eu idealizado, a armadura enfeitada de cada um.
Se transares ao nível da armadura, serás feliz no começo, na fase hipnótica do amor. Se transares ao nível profundo, talvez sejas até infeliz. Mas amarás. A infelicidade pode fazer-te virar as costas para o inimigo que amas. Poderá separar-te dele. Mas mesmo assim não será maior que o amor adivinhado e sentido, se a relação é profunda.
Não te vires de frente para o inimigo! Podes amá-lo. Ele vai adivinhar e tu também, o amor que está na peleja de quem ama. Não fiques tão de frente, mas tão longe de quem gostas. No que chegares perto, talvez deteste e seja detestado.
Amar é estar de costas. Gostar é estar de frente. O primeiro ultrapassa a inimizade que vive junta. Já o segundo vive da amizade fácil. Porém o gostar pode- se tornar amar... e vice-versa!
Amar é apesar de. É através. É a despeito, mas é com.
Amar é contra, mas perto e fundo. Mesmo de costas. É malgrado. É com ferida e cicatriz, mas íntegro.
Amar fundo é ter medo de virar de frente. Porque aí pode surgir, cristalina, a possibilidade de dar certo. E a entrega. Que é no fundo o que quem ama mais teme.

Artur da Távola

23/05/2009

Supernatural: Haverá um fim?

Imagens: Reprodução

A série Supernatural me deixa fascinado a cada episódio. É impressionante a saga dos irmãos Winchester para destruir o mal. Na primeira temporada peguei a história pela metade. Porém, corri em busca das 2ª e 3ª temporada e há pouco tempo terminei de assistir a 4ª temporada.

Dean foi salvo pelo anjo Castiel após passar meses no inferno. Enquanto isso, Sam achou que estava “no céu” curtindo um romance com Ruby, enquanto a mesma o incentivou a usar suas forças “paranormais” para exorcizar demônios e matar Lilith, a última dos 66 selos.

É algo interessante a simbiose entre demônios, fantasmas e outros seres que circulam na série. Seres como anjos, que começaram a marcar presença a partir da 4ª temporada. Ligações cada vez mais fortes entre céu e inferno e, por que não dizer que são forças equivalentes. Ao pensar que o mal está vencido, algo de muito maior é desencadeado para agitar ainda mais a trama.

Episódios como os de Supernatural me fizeram pensar sobre as forças que habitam nosso universo. Será que neste caso a arte imita a vida? As forças do bem contra o mal ou do mal contra o bem podem muito bem ser equivalentes e por isso nunca existir um vencedor.

Em conversa com um amigo que também assiste a série, ele me revelou que se diverte ao pensar que os dois são filhos de demônios. Realmente é uma observação interessante. Dean que nunca acreditou em Deus e nem em anjos é salvo por um por ordens do Senhor, enquanto que Sam (que já arriscou provar ao irmão sobre a existência dos anjos) é tentado e traído por Ruby.

Resultados: final da primeira temporada: Dean fica entre a vida e a morte. Fim da segunda: Os demônios são liberados do portão. Fim da terceira: Dean é morto pelos cães negros após fazer um pacto. Fim da quarta temportada: Ressucitado, Dean e Sam estão juntos. Eles vêem juntos Lúcifer surgir a poucos metros da sala em que estão.

Não imagino como a série vai terminar mas, ao meu ver, o mal enfrentado pelos irmãos Winchester nunca será totalmente combatido assim como nem todas as pessoas poderão ser salvas. No entanto após mais de 80 episódios posso dizer com segurança que tudo pode acontecer.

20/03/2009

Progresso consciente: uma atitude sustentável

Mares, rios, cachoeiras, praias paradisíacas e a mata atlântica são a perfeita combinação que pode descrever o Litoral Norte de São Paulo. Formado por quatro cidades com características diferenciadas entre si, a região reúne um grande número de turistas na temporada de verão e se prepara para receber um “boom” de investimentos provenientes da iniciativa privada, governos e prefeituras.
Com a chegada de novos empreendimentos e obras de infra-estrutura, estima-se que o litoral eleve a qualidade de vida da população e ofereça também uma gama maior de empregos.
Progresso e novas oportunidades todo mundo gosta, mas é de suma importância que os projetos tenham a preocupação com responsabilidade ambiental e sustentabilidade. Audiências públicas, reuniões com vários segmentos da sociedade, associações de bairros, conselhos municipais e outros órgãos são métodos de planejamento eficazes e previnem eventuais problemas que possam ocorrer no futuro.
A comunicação social vem como mais uma solução para apaziguar os problemas gerados pelo próprio homem e propor métodos de minimizar os eventuais estragos que possam ocorrer em razão de um projeto mal formulado. Cada vez mais se faz necessária a elaboração de campanhas publicitárias que mudem os hábitos diários, matérias jornalísticas que mudem o olhar do leitor nos mais diversos meios de comunicação (rádio, TV, jornais, sites e revistas) e o marketing social voltado para a sustentabilidade.
O conceito de sustentabilidade pode ser difícil de ser implantado. Porém, é uma forma de utilizar os recursos naturais que o Litoral Norte possui de um jeito que prejudique muito pouco o equilíbrio entre o meio ambiente e as comunidades humanas. Atualmente, estão em alta as ideias que atendam especificamente três esferas: meio ambiente, seres humanos e progresso econômico.
Uma das iniciativas mais discutidas atualmente na região é a expansão e ampliação do Porto de São Sebastião dentro do Projeto Integrado Porto-Cidade, formulado pelo Governo Estadual, por meio da Companhia Docas de São Sebastião. Em fase de licenciamento ambiental, a obra visa corrigir os “gargalos” do sistema portuário brasileiro, particularmente na região sudeste. O mesmo projeto, segundo informações da Cia Docas, prevê que o porto seja amigável com o meio ambiente.
A avaliação ambiental de um conjunto de órgãos é importante para outras iniciativas como o Projeto Mexilhão de gás, ampliação da Rodovia dos Tamoios e a nova estrada que vai ligar Caraguatatuba a São Sebastião.
Nos municípios do Litoral Norte, o Plano Diretor (PD) deve prever todos estes investimentos que vão proporcionar maior crescimento econômico e demográfico. Mais uma vez o planejamento consciente com a discussão dos projetos e divulgação das ações e etapas a serem realizadas são instrumentos importantes para a busca de melhores condições de vida para todos.
Mesmo com todos os investimentos já anunciados, ainda são necessárias outras medidas para o convívio harmonioso dos moradores do litoral como a redução da emissão de gases poluentes na atmosfera, conscientização para manter as praias limpas e investimentos em projetos sócio-ambientais que conscientizem novos multiplicadores do conhecimento.
A soma de esforços conjuntos da sociedade civil com a participação popular em discussões importantes para a região é uma das formas que, juntamente com a comunicação social, pode ser determinante para que combinemos progresso com consciência sócio-ambiental. Cada pessoa tem a tarefa de participar das discussões, propor soluções, reclamar das atuais condições, cobrar promessas de campanhas políticas e fazer sua parte com ações ecológicas que primem, sobretudo, pela qualidade de vida da região.

22/01/2009

Diferente X Óbvio

Foi tão difícil para começar a fazer este texto até porque falar sobre o sentido de óbvio não tem nenhuma obviedade e não é nada fácil. Se recorrer à filosofia fico com mais dúvidas nessa trajetória rumo à significados, signos e significantes.
Recorrendo ao dicionário Michaelis encontrei o sentido de óbvio que, no caso, se encaixa muito bem para o início de um estudo. A palavra se separa em duas sílabas e vem do latim obviu e significa claro, intuitivo, manifesto, patente e fácil de compreender. Até então nenhuma anormalidade.
Mas, será que tudo na vida é tão óbvio como pensamos? Quantas vezes em diferentes situações nos deparamos com questões que exigimos que apenas um lead jornalístico nos responda tudo? Questões que não são tão óbvias quando nossos ouvidos escutam exigem esclarecimentos que respondam às famosas perguntas quem faz o quê, quando, onde, por quê e para quê.
Recorrendo à música brasileira, O Rappa canta “óbvio” que abre a primeira estrofe com os versos “Saia do ócio, Não caia no óbvio, Não quero ter um sócio, Eu quero um antídoto pra viver melhor”. O que é “cair no óbvio” nos dias de hoje? É ser igual e comum como todos. É seguir “modinhas” pré-estabelecidas pela sociedade e não ter opinião própria sobre outros tipos de discussões. Odeio o Big Brother, mas não sou obrigado a assistir para estar por dentro das rodinhas de conversa nas praças da cidade.
Cair no óbvio é discutir os mesmos assuntos com a mesma sociedade que temos que enfrentar todos os dias. Utilizam a internet para entrar no Orkut logo no primeiro click ou então para ler mais de 500 e-mails. As pessoas não lembram que além do Orkut e dos e-mails, que servem sim para descontrair após um longo e cansativo dia de trabalho, um happy hour com os amigos mais chegados ou até mesmo uma caminhada e pedalada pela cidade em qualquer horário já serve para renovar as energias e começar o dia seguinte com mais disposição.
O grande segredo mesmo é não cair na rotina (entenda-se cair no óbvio) de fazer as mesmas coisas, com as mesmas pessoas e os mesmos programas de fim de semana. Pense em fazer o melhor porque sempre há o melhor lugar para os que mais se destacam da sociedade tão óbvia. Você será diferente.

17/01/2009

Quando o amor pela carreira chega ao excesso

Crédito: Jayme Monjardin/Rede Globo

Após nove capítulos regados a whisky, champagne e tragadas de cigarro, foi finalizada na noite da última sexta-feira a minissérie “Maysa – Quando fala o coração”, de autoria de Manoel Carlos e direção do próprio filho da cantora, Jayme Monjardim. Misturando várias fases da artista, o autor mostrou essencialmente Maysa enquanto filha de pais preocupados com os escândalos publicados nos jornais e revistas, esposa de André Matarazzo, mãe de Jayminho, cantora romântica e estrela da música.
Maysa, segundo foi observado na minissérie que mesclou ficção com realidade, tinha tudo para ser feliz, mas sempre faltava alguma coisa. Quis gravar apenas um disco porque era seu sonho, mas não esperava o sucesso. Veio a separação de André e, mesmo assim, não teve a felicidade completa por se livrar da casa da família Matarazzo. Se envolveu com outros homens, sendo um casado em sua turnê pela Europa, mas não encontrou neles o que André oferecia desde os tempos de namoro e após passarem vários anos casados.

Talvez a felicidade que Maysa procurasse estivesse no filho, Jayminho, que ficou internado em um colégio da Europa após seu pai morrer. Mas o tempo passou, a mãe não o visitou. Maysa em todos os momentos dizia que “queria o melhor para seu filho”. Talvez quisesse mesmo que ele tivesse a melhor educação e os melhores conhecimentos, mas [Maysa] não contava com a mágoa que [Jayminho] sentiria com a ausência da mãe e, também, no beijo em que não recebeu no dia em que estava com febre no internato.
Mãe e filho se reconciliaram e Maysa já não cantava mais nos palcos. Eles tinham tudo para se conhecer melhor após a lua de mel de Jayminho com sua esposa. Mas o destino quis com que Maysa saísse da casa dos pais e fosse sozinha para seu refúgio: a casa de Maricá. Pena que antes de chegar ao local um trágico acidente de carro levou a vida da artista. “Acredito profundamente em Deus. Acho que existe alguma coisa além de nós e mais forte do que nós, que nos ajuda em nossa realização como pessoas humana. Minha imagem do Paraíso? Taí, nunca parei para pensar. Qualquer coisa colorida, cheia de nuvenzinhas, anjinhos, a gente pulando de uma nuvem pra outra. Um negócio assim, tipo Hollywood”, finaliza a voz de Maysa enquanto chegam os médicos.

Crédito: Jayme Monjardin/Rede Globo
Maysa, sem sombra de dúvida, foi reconhecida em vida e, mesmo após muitos anos de sua morte, foi homenageada pelo próprio filho que assinou a direção. A minissérie não é medida pelos grandes índices de audiência, mas sim pela qualidade da trama. A atriz Larissa Maciel não só interpretou Maysa como foi a própria do primeiro a último capítulo. Que o trabalho abra a mente de muitos jovens [como eu] que não conseguiram acompanhar esta grande artista.
Deixo postado o que para mim foi o momento mais emocionante. Maysa canta “Hino ao amor”, composta por Marguerite Monot e Edith Piaf, após saber da morte de André.




Se o azul do céu escurecer
E a alegria na terra fenecer,
Não importa, querido,
Viverei do nosso amor!
Se tu és o sonho dos dias meus,
Se os meus beijos sempre foram teus,
Não importa, querido,
O amargor das dores desta vida!
Um punhado de estrelas
no infinito irei buscar
E a teus pés esparramar,
Não importa os amigos,
risos, crenças e castigos,
Quero apenas te adorar!
Se o destino, então, nos separar,
Se distante a morte te encontrar,
Não importa, querido,
Porque eu morrerei também!
Um punhado de estrelas
no infinito irei buscar
E a teus pés esparramar!
Não importa os amigos
Risos, crenças e castigos,
Quero apenas te adorar!
Quando, enfim, a vida terminar
E dos sonhos nada mais restar,
Num milagre supremo,
Deus fará no céu te encontrar!

15/01/2009

Paraninfos e oradores

Esse blogueiro continua de férias, mas não esqueceu do próprio blog. No entanto, alguns dias de descanso fazem bem para todos. Posto hoje o texto que elaborei para a cerimônia de colação, na qual concorri ao cargo de orador da turma, mas por pouco a vitória escapou. Batatas aos vencedores. Compartilho com os internautas meus escritos noturnos.

Prezadas autoridades da mesa; querida paraninfa da turma de jornalismo, na qual cumprimento os demais paraninfos das turmas de comunicação social; professores homenageados; ilustríssimos pais, familiares, amigos e, claro, colegas formandos.
Quatro anos se passaram. Nesta noite especial e repleta de emoção, recebemos nossos diplomas. Mesmo com tantos problemas enfrentados pela sociedade brasileira, que deseja se encontrar em uma profissão ou obter o título de graduação, conseguimos alcançar um degrau que muitos ainda não pisaram ou talvez nem vão pisar.
Estamos formados em jornalismo. Nossa vitória deve ser comemorada por vários motivos, mas não citarei todos porque não tenho tempo para tanto. Mas, um dos principais, é quanto ao diploma do curso superior em jornalismo ainda ser questionado em nosso país. Em vários momentos de nossa história, a obrigatoriedade de nosso diploma foi anulada. Consideramos isso um desmerecimento a nós que levamos oito semestres assistindo aulas à noite, após nosso trabalho, e também aos sábados, antes dos outros compromissos.
Também tivemos outros momentos que vamos levar para sempre em nossas mentes: as discussões salutares em sala de aula, as conversas com os professores, a criação de jornais, revistas, sites e até um livro-reportagem. Mas, tudo isso só poderia ser possível com a união de toda a nossa turma dentro e fora da universidade.
A partir de todos esses treinos acadêmicos, queremos escrever muito bem e procurar, como Truman Capote dizia buscar, a verdadeira arte. Não somos artistas, mas, jornalistas vencedores. Atingimos nossos objetivos e acreditamos em nossos sonhos. Um deles está concretizado nesta noite.
Colegas formandos em jornalismo: nosso trabalho mais do que nunca a partir de agora é refletir a verdade, propor interpretações e sugerir alternativas para a sociedade. Nossa profissão exige mais tempo e menos salário. Em troca, temos uma vida sem rotina, com aventuras e conhecimentos constantes.

Muito obrigado pela atenção e boa noite!