17/01/2009

Quando o amor pela carreira chega ao excesso

Crédito: Jayme Monjardin/Rede Globo

Após nove capítulos regados a whisky, champagne e tragadas de cigarro, foi finalizada na noite da última sexta-feira a minissérie “Maysa – Quando fala o coração”, de autoria de Manoel Carlos e direção do próprio filho da cantora, Jayme Monjardim. Misturando várias fases da artista, o autor mostrou essencialmente Maysa enquanto filha de pais preocupados com os escândalos publicados nos jornais e revistas, esposa de André Matarazzo, mãe de Jayminho, cantora romântica e estrela da música.
Maysa, segundo foi observado na minissérie que mesclou ficção com realidade, tinha tudo para ser feliz, mas sempre faltava alguma coisa. Quis gravar apenas um disco porque era seu sonho, mas não esperava o sucesso. Veio a separação de André e, mesmo assim, não teve a felicidade completa por se livrar da casa da família Matarazzo. Se envolveu com outros homens, sendo um casado em sua turnê pela Europa, mas não encontrou neles o que André oferecia desde os tempos de namoro e após passarem vários anos casados.

Talvez a felicidade que Maysa procurasse estivesse no filho, Jayminho, que ficou internado em um colégio da Europa após seu pai morrer. Mas o tempo passou, a mãe não o visitou. Maysa em todos os momentos dizia que “queria o melhor para seu filho”. Talvez quisesse mesmo que ele tivesse a melhor educação e os melhores conhecimentos, mas [Maysa] não contava com a mágoa que [Jayminho] sentiria com a ausência da mãe e, também, no beijo em que não recebeu no dia em que estava com febre no internato.
Mãe e filho se reconciliaram e Maysa já não cantava mais nos palcos. Eles tinham tudo para se conhecer melhor após a lua de mel de Jayminho com sua esposa. Mas o destino quis com que Maysa saísse da casa dos pais e fosse sozinha para seu refúgio: a casa de Maricá. Pena que antes de chegar ao local um trágico acidente de carro levou a vida da artista. “Acredito profundamente em Deus. Acho que existe alguma coisa além de nós e mais forte do que nós, que nos ajuda em nossa realização como pessoas humana. Minha imagem do Paraíso? Taí, nunca parei para pensar. Qualquer coisa colorida, cheia de nuvenzinhas, anjinhos, a gente pulando de uma nuvem pra outra. Um negócio assim, tipo Hollywood”, finaliza a voz de Maysa enquanto chegam os médicos.

Crédito: Jayme Monjardin/Rede Globo
Maysa, sem sombra de dúvida, foi reconhecida em vida e, mesmo após muitos anos de sua morte, foi homenageada pelo próprio filho que assinou a direção. A minissérie não é medida pelos grandes índices de audiência, mas sim pela qualidade da trama. A atriz Larissa Maciel não só interpretou Maysa como foi a própria do primeiro a último capítulo. Que o trabalho abra a mente de muitos jovens [como eu] que não conseguiram acompanhar esta grande artista.
Deixo postado o que para mim foi o momento mais emocionante. Maysa canta “Hino ao amor”, composta por Marguerite Monot e Edith Piaf, após saber da morte de André.




Se o azul do céu escurecer
E a alegria na terra fenecer,
Não importa, querido,
Viverei do nosso amor!
Se tu és o sonho dos dias meus,
Se os meus beijos sempre foram teus,
Não importa, querido,
O amargor das dores desta vida!
Um punhado de estrelas
no infinito irei buscar
E a teus pés esparramar,
Não importa os amigos,
risos, crenças e castigos,
Quero apenas te adorar!
Se o destino, então, nos separar,
Se distante a morte te encontrar,
Não importa, querido,
Porque eu morrerei também!
Um punhado de estrelas
no infinito irei buscar
E a teus pés esparramar!
Não importa os amigos
Risos, crenças e castigos,
Quero apenas te adorar!
Quando, enfim, a vida terminar
E dos sonhos nada mais restar,
Num milagre supremo,
Deus fará no céu te encontrar!

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