30/10/2008

Mensageiros do swing


Uma noite destas em que gostaria de adquirir um pouco mais de conhecimento sobre novas bandas e grupos que geralmente não são muito reconhecidas pelo público porque a mídia não os explora, fui para a Praça de Eventos da minha cidade conferir a apresentação do “Funk Como Le Gusta”, uma big band que leva o funk como sua maior bandeira.
A noite estava agradável. Tinha chovido duas horas antes do grupo entrar no local, mas que nem molharam o chão da Praça de Eventos. Eis que entram várias pessoas vestidas de vermelho com as iniciais FCLG bordadas nas blusas e muitos instrumentos como teclados, guitarras e metais.
Os metais dão o tom para 90% das canções executadas pelo grupo. O Funk como Le Gusta tem um som muito agradável e é muito mais do que “Meu guarda chuva”. É qualidade cultural e musical de “16 toneladas” em que Reginaldo resume isso muito bem: ‘Quem não gosta de samba não gosta de nada’.
O samba executado não tinha passos coreografados pelos integrantes que dublam a voz em vários programas de TV (perdoem-me, mas isso é pagode), nem o funk das “preparadas”, “cahorras” e “tigrões” de plantão. É um ritmo que contagia, de forma dançante e que cativa famílias e os jovens.
Conversando com algumas pessoas pude confirmar minha “tese” de que as pessoas gostam principalmente de grupos que tem ampla exposição na mídia. Por exemplo, uma mulher chegou perto de mim e me perguntou:
- Jovem, qual é o nome deste grupo?
- É o Funk como Le Gusta.
- Ah, o Funk como Le Gusta. Legal, obrigada.
- Por nada.
Ela tirou a câmera digital de sua bolsa e começou a fotografar momentos do show e a dançar muito. Um grupo que ela conheceu naquela apresentação já foi digno de merecer espaço no HD do computador. Mostra a vontade por conhecer novos grupos e opções de sons.

Já outra pessoa, em vez de me perguntar o nome do grupo ouvi ela comentando com o marido ‘nossa, nunca vi este grupo no Faustão’. A assídua telespectadora só não conhecia o grupo porque não tinha visto no Faustão, mas será que algum outro programa global eles não apareceram?
Não acredito que o reconhecimento de uma banda se dê pela ampla exposição da mídia, e sim pelo desejo de procurar saber novas vertentes e novos sons. Tanto que cerca de 200 pessoas compareceram ao show gratuito e que vieram de outras cidades. Temos repúdio as vezes até pelo nome das bandas. E tem aquelas piadinhas também: ‘O que é Funk como Le Gusta? É de comer?’ E eu deixo uma pergunta: Antes da exposição da mídia o que eram “Calypso”, “Calcinha Preta”, “Tati Quebra Barraco” e tantos outros?
Somos acostumados a receber passivamente todas as informações despejadas nas nossas mentes, mas não somos acostumados a ser agentes ativos da sociedade e procurar coisas novas. É preciso mudar este cenário.

11/10/2008

A comemoração do samba

Queixo-me às rosas,
mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai

Angenor de Oliveira, nosso mestre Cartola...o trovador do samba faria neste sábado (11/10) 100 anos.

Oh! triste senhora
Disfarça e chora
Todo o pranto tem hora
E eu vejo seu pranto cair
No momento mais certo
Olhar, gostar só de longe
Não faz ninguém chegar perto
E o seu pranto oh! Triste senhora
Vai molhar o deserto

Saiba mais clicando na matéria a seguir: http://msn.onne.com.br/conteudo/6167/inverno-de-outros-tempos

Tina: um exercício acadêmico-literário

A seguir apresento um texto que foi fruto de um trabalho em sala de aula dentro de um exercício de jornalismo literário . Qualquer semelhança é mera coincidência. Tina neste texto é vista sob os olhos de um "traficante do morro":

Tina era uma coroa que chegou ao morro com um objetivo: virar traficante. A virada em sua vida teve um certo período com direito à universidade federal e estágio remunerado foi para o fundo do poço como um cigarro de maconha é tragado de forma instantânea.
A garota se arrumava bem e estava feliz pelo reconhecimento. Tina, como dizem os meus “brothers” era lésbica, porque parecia uma menina e não “sapatão” como vimos muito nos dias de hoje.
Tina não tinha nada a perder. Já não havia mãe, não conheceu o pai e tinha terminado o relacionamento. Pedro Henrique, o único garoto da infância que realmente tinha se apaixonado de verdade, nunca mais o viu.
Tina começou a vender maconha, mas consumia cocaína. Quando passou a vender ecstasy teve sua primeira overdose com uma mistura de crack e vodka.
Eu não bloqueava o consumo de Tina. Afinal, ela pagava para mim as drogas que consumia. Ou seja, o que ganhava comprava seus próprios vícios e vendia seus últimos pertences que tinha dividido com sua ex.
E, aos poucos, a morte levou Tina. As overdoses se tornaram internações no hospital público quando em uma noite, Tina não agüentou e expirou ao pedir um cigarro de maconha na maca do hospital. Até hoje não sinto culpa. Ela traçou o próprio destino.

02/10/2008

Reforma, restauro ou “jeitinho brasileiro”?

A língua portuguesa é, sempre foi e será por muito tempo a mais difícil do mundo, em se tratando de gramática e ortografia, por exemplo. Estou prestes a terminar a minha faculdade de jornalismo após ter cursado dentro das minhas disciplinas três semestres de língua portuguesa e quatro de redação. Ou seja, concluo que em oito semestres a “disciplina mãe” foi o português.
Mas depois da última segunda-feira (29/9), acredito já estar desatualizado. Tudo bem que a língua portuguesa sempre foi mudada, porque é uma mistura de radicais gregos e latinos com uma boa contribuição de Portugal, mas dentro do contexto político e sócio-econômico que nos encontramos hoje em dia, o que vai ajudar uma “reforma ortográfica”?
Não sou daqueles que falam que “em vez de uma quadra de esportes por que não construiu um hospital?”. De forma nenhuma. A questão é que gostaria de entender o motivo desta mudança que vai vigorar a partir de 2009. As prefeituras já vão começar a se movimentar para promover cursos de atualização para todos os professores da rede, assim como Estados e rede particular também devem fazer o mesmo.
Suprimir tremas, acentos agudos e circunflexos parece, ao meu ver, mais uma forma de melhorar a vida dos que nunca tiveram facilidade com a língua. Muitos acadêmicos da ABL (Academia Brasileira de Letras) até são a favor. Mas esta nova forma de “bolsa família” da nossa língua não me agrada nem um pouco.
Vou estar me atrevendo neste momento a estar finalizando este texto com muitos gerúndios.
Resumo da ópera: terei que atualizar meu português.

Urnas que falam
Em vez da reforma, acordo ou seja lá o que for, ortográfico, temos uma missão no próximo domingo. Nos encontraremos nas urnas (eletrônicas) para eleger prefeitos e vereadores dos municípios. Já dizia Machado de Assis [em mais uma homenagem nesta semana que comemoramos seu centenário] na coluna “A Semana”:

“(...) o xadrez, um jôgo delicioso, por Deus! Imagem da anarquia, onde a rainha come o peão, o peão come o bispo, o bispo come o cavalo, o cavalo come a rainha, e todos comem a todos. Graciosa anarquia, tudo isso sem rodas que andem, nem urnas que falem!”