25/06/2008

Batalha (?) no campo da literatura



Eu queria decifrar as coisas que são importantes. E estou contando não é uma vida de sertanejo, seja se fôr jagunço, mas a matéria vertente

Após o auge das comemorações do centenário de imigração japonesa, o Brasil se prepara no campo da literatura para celebrar outro centenário, desta vez de nascimento do mineiro Guimarães Rosa, que nasceu em 27 de junho de 1908. Ótimo autor de livros como o “Grande Sertão Veredas”. Às vésperas das comemorações, a FOLHA MAIS! lançou um desafio para 30 críticos literários de renome nacional: escolher quem é o melhor escritor: Guimarães ou Machado de Assis, cujo centenário, desta vez de morte, lembramos no final de setembro.

Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que se já passaram. Mas pela astúcia que tem certas coisas passadas - de fazer balancê, de se remexerem dos lugares.

Pode parecer uma batalha no campo da literatura. Mas ao meu ver é uma batalha saudável, onde até na capa da Folha de São Paulo de domingo, podíamos ver montagens de Machado de Assis e Guimarães Rosa usando luvas de boxe, travando um verdadeiro duelo.
Eu tenho a minha preferência e inclusive já votei em uma enquete do próprio veículo. Mas serei imparcial o bastante para não dizer neste espaço em qual mestre eu votei. Ora, embora o resultado parcial aponte as opções “Machado de Assis” e “Não dá para comparar um ao outro” como em primeiro e segundo lugar, respectivamente, a melhor obra entre “Dom Casmurro” e “Grande Sertão: Veredas”, fica para Machado.

Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada.

Rosa é talvez o maior escritor do século XX e Machado, o maior do século XIX. Rosa é “do campo”. Machado é urbano, escreve com prazer e de modo humorístico-sarcástico. Dignou-se também a criar a Academia Brasileira de Letras por onde passaram grandes escritores brasileiros. Machado é considerado pelos americanos (sim por eles!) um verdadeiro milagre. Muito pouco se sabe de sua infância, mas de um agregado morreu consagrado como homem de letras.

É justo comparamos Machado a Guimarães Rosa? Sim é justo. Não são comparações maldosas ao meu ponto de vista. São comparações salutares em que não existem pífios escritores no mesmo patamar. São dois escritores que realmente revolucionaram a literatura no Brasil e tem suas comemorações merecidas neste ano. Se todas as batalhas existentes fossem como essas no campo da literatura de qualidade que prima por uma sociedade melhor informada teríamos sempre o mesmo vencedor: o leitor.

A terra lhes seja leve!

21/06/2008

Ô ô ô, a Mangueira chegou, ô ô

Não sou carioca. Sou paulista de coração, mas admiro o Rio de Janeiro. O Carnaval não é e nunca foi uma das minhas paixões. Porém, acho que nada tira o brilho de uma escola de samba desfilar pela avenida. O trabalho de milhares de pessoas, que riram, choraram, se empenharam e olham o trabalho de quase um ano na avenida sendo aplaudido pelo público de pé com as bandeiras na arquibancada.
Não não...este texto não é uma micareta em forma de caracteres. É muito mais que isso. Enquanto há 100 anos nascia Cartola, em 2008, José Bispo, mais conhecido como “Jamelão” nos deixa com seus sambas e uma história completa na Estação Primeira de Mangueira. Jamelão foi marca registrada da “verde e rosa” carioca, por sua maneira de conduzir a escola e também por criar polêmicas, mas que em comparação aos escândalos políticos da atualidade não são nada próximo ao que ele representava para o Carnaval brasileiro e não somente para o Rio de Janeiro. Jamelão não quer ser homenageado. E esse não é meu objetivo. De maneira nenhuma escrevo textos para prestar homenagens a outras pessoas. Redijo textos porque gosto de treinar minha escrita cada vez mais e estar mais próximos de acontecimentos que não são tão comuns de comentários.


Chora, disfarça e chora
Aproveita a voz do lamento
Que já vem a aurora
A pessoa que tanto queria
Antes mesmo de raiar o dia
Deixou o ensaio por outra
Oh! triste senhora
Disfarça e chora
Todo o pranto tem hora
E eu vejo seu pranto cair
No momento mais certo
Olhar, gostar só de longe
Não faz ninguém chegar perto
E o seu pranto oh! Triste senhora
Vai molhar o deserto
Disfarça e chora

Assim como Jamelão, Cartola (Angenor de Oliveira) é um mestre em compor músicas. Ele, que neste ano comemoramos o centenário de nascimento, ajudou a escrever uma das que mais gosto da MPB, que é “Disfarça e Chora”. Conheci a canção pela voz marcante de Zélia Duncan, ao lançar pelo selo da “Duncan Discos”, o álbum “Eu me transformo em outras”, título atribuído a canção “Quem canta seus males espanta”, do incrível Itamar Assumpção.
É uma maneira apaixonante que pode ter múltiplas interpretações dependendo do ângulo em que se analisa. Um amor não correspondido, um amor que não deu certo, uma traição, tristeza, mágoa e outros sentimentos.
Nossos melhores compositores estão indo embora, nos deixando um legado de histórias, trajetórias em que muitos não tiveram sorte, além de canções imortalizadas. Na literatura e no jornalismo também. Devemos nos inspirar em exemplos como Jamelão e Cartola para ouvir cada vez mais qualidade do que simplesmente fica com o que é “descartável”.

10/06/2008

lost..

Quero um texto em alta resolução que possa me dizer a verdade sobre as voltas que a vida dá, sobre os medos que eu nunca tive, sobre a saudade que ainda vou sentir da namorada que vai embora. Alta resolução? Imagem refletida da tecnologia que nos faz criar idéias baseadas em um cotidiano “in time”.
Meu MP4 não reproduz a essência de um livro, não reproduz o gosto de viver a aventura de Robin Hood em cada página ou capítulo descrito nos mínimos detalhes. Meu orkut não reproduz a aventura (digital por que não?) que posso ter pela história dos imortais da Academia Brasileira de Letras (www.academia.org.br)? Passando desde Machado de Assis até Joaquim Nabuco, Paulo Coelho, Zélia Gattai e Jorge Amado? Pessoas que fazem das palavras, os substantivos essenciais para a construção de uma sociedade mais informada e (por que não?) educada e comportada.
Hoje sei que vários fatos e fatores que acontecem em minha vida vou sentir saudades um dia. Mas do que eu vou realmente sentir saudades é do que eu NÃO vivi. Do beijo que não dei na garota desejada, da viagem cultural que não fiz porque não tive o interesse, do emprego que descartei por achar prolixo, das amizades que não mantive por medo de se tornar algo mais sério e principalmente de algumas respostas que não dei a pessoas hipócritas e fúteis que me incomodaram durante um bom período da minha vida, perguntando coisas que eu não gostaria de ouvir e eu respondendo coisas que não gostaria nem que saíssem da minha boca.Hipocrisia ou não, comecei mais um texto sem pé e terminei sem cabeça. Ficou dito o que eu queria e publicado neste blog. FIM