22/01/2009

Diferente X Óbvio

Foi tão difícil para começar a fazer este texto até porque falar sobre o sentido de óbvio não tem nenhuma obviedade e não é nada fácil. Se recorrer à filosofia fico com mais dúvidas nessa trajetória rumo à significados, signos e significantes.
Recorrendo ao dicionário Michaelis encontrei o sentido de óbvio que, no caso, se encaixa muito bem para o início de um estudo. A palavra se separa em duas sílabas e vem do latim obviu e significa claro, intuitivo, manifesto, patente e fácil de compreender. Até então nenhuma anormalidade.
Mas, será que tudo na vida é tão óbvio como pensamos? Quantas vezes em diferentes situações nos deparamos com questões que exigimos que apenas um lead jornalístico nos responda tudo? Questões que não são tão óbvias quando nossos ouvidos escutam exigem esclarecimentos que respondam às famosas perguntas quem faz o quê, quando, onde, por quê e para quê.
Recorrendo à música brasileira, O Rappa canta “óbvio” que abre a primeira estrofe com os versos “Saia do ócio, Não caia no óbvio, Não quero ter um sócio, Eu quero um antídoto pra viver melhor”. O que é “cair no óbvio” nos dias de hoje? É ser igual e comum como todos. É seguir “modinhas” pré-estabelecidas pela sociedade e não ter opinião própria sobre outros tipos de discussões. Odeio o Big Brother, mas não sou obrigado a assistir para estar por dentro das rodinhas de conversa nas praças da cidade.
Cair no óbvio é discutir os mesmos assuntos com a mesma sociedade que temos que enfrentar todos os dias. Utilizam a internet para entrar no Orkut logo no primeiro click ou então para ler mais de 500 e-mails. As pessoas não lembram que além do Orkut e dos e-mails, que servem sim para descontrair após um longo e cansativo dia de trabalho, um happy hour com os amigos mais chegados ou até mesmo uma caminhada e pedalada pela cidade em qualquer horário já serve para renovar as energias e começar o dia seguinte com mais disposição.
O grande segredo mesmo é não cair na rotina (entenda-se cair no óbvio) de fazer as mesmas coisas, com as mesmas pessoas e os mesmos programas de fim de semana. Pense em fazer o melhor porque sempre há o melhor lugar para os que mais se destacam da sociedade tão óbvia. Você será diferente.

17/01/2009

Quando o amor pela carreira chega ao excesso

Crédito: Jayme Monjardin/Rede Globo

Após nove capítulos regados a whisky, champagne e tragadas de cigarro, foi finalizada na noite da última sexta-feira a minissérie “Maysa – Quando fala o coração”, de autoria de Manoel Carlos e direção do próprio filho da cantora, Jayme Monjardim. Misturando várias fases da artista, o autor mostrou essencialmente Maysa enquanto filha de pais preocupados com os escândalos publicados nos jornais e revistas, esposa de André Matarazzo, mãe de Jayminho, cantora romântica e estrela da música.
Maysa, segundo foi observado na minissérie que mesclou ficção com realidade, tinha tudo para ser feliz, mas sempre faltava alguma coisa. Quis gravar apenas um disco porque era seu sonho, mas não esperava o sucesso. Veio a separação de André e, mesmo assim, não teve a felicidade completa por se livrar da casa da família Matarazzo. Se envolveu com outros homens, sendo um casado em sua turnê pela Europa, mas não encontrou neles o que André oferecia desde os tempos de namoro e após passarem vários anos casados.

Talvez a felicidade que Maysa procurasse estivesse no filho, Jayminho, que ficou internado em um colégio da Europa após seu pai morrer. Mas o tempo passou, a mãe não o visitou. Maysa em todos os momentos dizia que “queria o melhor para seu filho”. Talvez quisesse mesmo que ele tivesse a melhor educação e os melhores conhecimentos, mas [Maysa] não contava com a mágoa que [Jayminho] sentiria com a ausência da mãe e, também, no beijo em que não recebeu no dia em que estava com febre no internato.
Mãe e filho se reconciliaram e Maysa já não cantava mais nos palcos. Eles tinham tudo para se conhecer melhor após a lua de mel de Jayminho com sua esposa. Mas o destino quis com que Maysa saísse da casa dos pais e fosse sozinha para seu refúgio: a casa de Maricá. Pena que antes de chegar ao local um trágico acidente de carro levou a vida da artista. “Acredito profundamente em Deus. Acho que existe alguma coisa além de nós e mais forte do que nós, que nos ajuda em nossa realização como pessoas humana. Minha imagem do Paraíso? Taí, nunca parei para pensar. Qualquer coisa colorida, cheia de nuvenzinhas, anjinhos, a gente pulando de uma nuvem pra outra. Um negócio assim, tipo Hollywood”, finaliza a voz de Maysa enquanto chegam os médicos.

Crédito: Jayme Monjardin/Rede Globo
Maysa, sem sombra de dúvida, foi reconhecida em vida e, mesmo após muitos anos de sua morte, foi homenageada pelo próprio filho que assinou a direção. A minissérie não é medida pelos grandes índices de audiência, mas sim pela qualidade da trama. A atriz Larissa Maciel não só interpretou Maysa como foi a própria do primeiro a último capítulo. Que o trabalho abra a mente de muitos jovens [como eu] que não conseguiram acompanhar esta grande artista.
Deixo postado o que para mim foi o momento mais emocionante. Maysa canta “Hino ao amor”, composta por Marguerite Monot e Edith Piaf, após saber da morte de André.




Se o azul do céu escurecer
E a alegria na terra fenecer,
Não importa, querido,
Viverei do nosso amor!
Se tu és o sonho dos dias meus,
Se os meus beijos sempre foram teus,
Não importa, querido,
O amargor das dores desta vida!
Um punhado de estrelas
no infinito irei buscar
E a teus pés esparramar,
Não importa os amigos,
risos, crenças e castigos,
Quero apenas te adorar!
Se o destino, então, nos separar,
Se distante a morte te encontrar,
Não importa, querido,
Porque eu morrerei também!
Um punhado de estrelas
no infinito irei buscar
E a teus pés esparramar!
Não importa os amigos
Risos, crenças e castigos,
Quero apenas te adorar!
Quando, enfim, a vida terminar
E dos sonhos nada mais restar,
Num milagre supremo,
Deus fará no céu te encontrar!

15/01/2009

Paraninfos e oradores

Esse blogueiro continua de férias, mas não esqueceu do próprio blog. No entanto, alguns dias de descanso fazem bem para todos. Posto hoje o texto que elaborei para a cerimônia de colação, na qual concorri ao cargo de orador da turma, mas por pouco a vitória escapou. Batatas aos vencedores. Compartilho com os internautas meus escritos noturnos.

Prezadas autoridades da mesa; querida paraninfa da turma de jornalismo, na qual cumprimento os demais paraninfos das turmas de comunicação social; professores homenageados; ilustríssimos pais, familiares, amigos e, claro, colegas formandos.
Quatro anos se passaram. Nesta noite especial e repleta de emoção, recebemos nossos diplomas. Mesmo com tantos problemas enfrentados pela sociedade brasileira, que deseja se encontrar em uma profissão ou obter o título de graduação, conseguimos alcançar um degrau que muitos ainda não pisaram ou talvez nem vão pisar.
Estamos formados em jornalismo. Nossa vitória deve ser comemorada por vários motivos, mas não citarei todos porque não tenho tempo para tanto. Mas, um dos principais, é quanto ao diploma do curso superior em jornalismo ainda ser questionado em nosso país. Em vários momentos de nossa história, a obrigatoriedade de nosso diploma foi anulada. Consideramos isso um desmerecimento a nós que levamos oito semestres assistindo aulas à noite, após nosso trabalho, e também aos sábados, antes dos outros compromissos.
Também tivemos outros momentos que vamos levar para sempre em nossas mentes: as discussões salutares em sala de aula, as conversas com os professores, a criação de jornais, revistas, sites e até um livro-reportagem. Mas, tudo isso só poderia ser possível com a união de toda a nossa turma dentro e fora da universidade.
A partir de todos esses treinos acadêmicos, queremos escrever muito bem e procurar, como Truman Capote dizia buscar, a verdadeira arte. Não somos artistas, mas, jornalistas vencedores. Atingimos nossos objetivos e acreditamos em nossos sonhos. Um deles está concretizado nesta noite.
Colegas formandos em jornalismo: nosso trabalho mais do que nunca a partir de agora é refletir a verdade, propor interpretações e sugerir alternativas para a sociedade. Nossa profissão exige mais tempo e menos salário. Em troca, temos uma vida sem rotina, com aventuras e conhecimentos constantes.

Muito obrigado pela atenção e boa noite!