11/10/2008

Tina: um exercício acadêmico-literário

A seguir apresento um texto que foi fruto de um trabalho em sala de aula dentro de um exercício de jornalismo literário . Qualquer semelhança é mera coincidência. Tina neste texto é vista sob os olhos de um "traficante do morro":

Tina era uma coroa que chegou ao morro com um objetivo: virar traficante. A virada em sua vida teve um certo período com direito à universidade federal e estágio remunerado foi para o fundo do poço como um cigarro de maconha é tragado de forma instantânea.
A garota se arrumava bem e estava feliz pelo reconhecimento. Tina, como dizem os meus “brothers” era lésbica, porque parecia uma menina e não “sapatão” como vimos muito nos dias de hoje.
Tina não tinha nada a perder. Já não havia mãe, não conheceu o pai e tinha terminado o relacionamento. Pedro Henrique, o único garoto da infância que realmente tinha se apaixonado de verdade, nunca mais o viu.
Tina começou a vender maconha, mas consumia cocaína. Quando passou a vender ecstasy teve sua primeira overdose com uma mistura de crack e vodka.
Eu não bloqueava o consumo de Tina. Afinal, ela pagava para mim as drogas que consumia. Ou seja, o que ganhava comprava seus próprios vícios e vendia seus últimos pertences que tinha dividido com sua ex.
E, aos poucos, a morte levou Tina. As overdoses se tornaram internações no hospital público quando em uma noite, Tina não agüentou e expirou ao pedir um cigarro de maconha na maca do hospital. Até hoje não sinto culpa. Ela traçou o próprio destino.

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