13/07/2008

Dom Machado

“Está morto, podemos elogia-lo a vontade”. Esta frase célebre de Machado de Assis no conto “O empréstimo”, pode soar estranha para os ouvidos mais críticos das pessoas, porém é muito clara e contemporânea apesar de ter sido escrita no século XIX.
A frase, usada por Machado no conto, é utilizada para celebrar o próprio Machado de Assis. Apesar de sua morte temos que elogiá-lo muito e a vontade de nossa veia literária e, sobretudo, vontade para celebrar um dos escritores que mais contribuíram para a formação de um país mais culto e letrado.
Agora, por que celebrar Machado de Assis após 100 anos de sua morte? “Já faz tanto tempo!”, podem pensar alguns internautas de plantão. Exatamente por fazer muito tempo que se foi, sua presença inquietante continua entre nós, seja na literatura ou até no jornalismo.
No jornalismo? “Esse blogueiro é maluco”, também podem pensar outras pessoas. Machado foi mais do que escritor...foi jornalista. No Brasil desde o século XIX não era preciso ser jornalista para ter estilo era preciso ter estilo para ser jornalista.
É difícil aquele que nunca ouviu falar em Memórias Póstumas de Brás Cubas ou em Dom Casmurro. O último é meu preferido, se querem saber. É de uma magnitude plena e intensa. É uma obra deliciosa para ser saboreada pelos melhores paladares. Já assisti a peça de teatro da obra, o filme “Dom” – ignorado pelo público brasileiro de um filme de ótima qualidade – e me preparo para assistir “Capitu”, obra que vai ser exibida pela Rede Globo em agosto.
A dúvida é a mesma: traiu ou não traiu? Já li o livro e o que me atrai é essa dúvida pregada pelo autor. Tentaram perguntar para a estátua de Machado na FLIP, mas ela não respondeu...claro! Foi um Machado representado fielmente pelo ator contratado para homenagear o célebre escritor.
Existem várias versões...Bentinho era louco e Capitu era leviana. Capitu traiu e Bentinho não ficou por baixo. Mas tudo é revelado de uma forma que deixa o próprio leitor com dúvida. Quando me perguntam “traiu ou não traiu”, prefiro adotar a teoria de que na verdade “Machado traiu os leitores com o final”.
Ao contrário do que muitos pensam, não deixa de ser uma obra prima. É maravilhoso. Capitu está na música, na literatura, em meus textos, nos jornais, em tudo...Machado, que passei a estudar e me interessar mais por sua vida e obra, é o autor que me influencia em alguns textos e na forma de agir perante aos fatos (jornalísticos ou não).

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