
A noite estava agradável. Tinha chovido duas horas antes do grupo entrar no local, mas que nem molharam o chão da Praça de Eventos. Eis que entram várias pessoas vestidas de vermelho com as iniciais FCLG bordadas nas blusas e muitos instrumentos como teclados, guitarras e metais.
Os metais dão o tom para 90% das canções executadas pelo grupo. O Funk como Le Gusta tem um som muito agradável e é muito mais do que “Meu guarda chuva”. É qualidade cultural e musical de “16 toneladas” em que Reginaldo resume isso muito bem: ‘Quem não gosta de samba não gosta de nada’.
O samba executado não tinha passos coreografados pelos integrantes que dublam a voz em vários programas de TV (perdoem-me, mas isso é pagode), nem o funk das “preparadas”, “cahorras” e “tigrões” de plantão. É um ritmo que contagia, de forma dançante e que cativa famílias e os jovens.
Conversando com algumas pessoas pude confirmar minha “tese” de que as pessoas gostam principalmente de grupos que tem ampla exposição na mídia. Por exemplo, uma mulher chegou perto de mim e me perguntou:
- Jovem, qual é o nome deste grupo?
- É o Funk como Le Gusta.
- Ah, o Funk como Le Gusta. Legal, obrigada.
- Por nada.
Ela tirou a câmera digital de sua bolsa e começou a fotografar momentos do show e a dançar muito. Um grupo que ela conheceu naquela apresentação já foi digno de merecer espaço no HD do computador. Mostra a vontade por conhecer novos grupos e opções de sons.

Já outra pessoa, em vez de me perguntar o nome do grupo ouvi ela comentando com o marido ‘nossa, nunca vi este grupo no Faustão’. A assídua telespectadora só não conhecia o grupo porque não tinha visto no Faustão, mas será que algum outro programa global eles não apareceram?
Não acredito que o reconhecimento de uma banda se dê pela ampla exposição da mídia, e sim pelo desejo de procurar saber novas vertentes e novos sons. Tanto que cerca de 200 pessoas compareceram ao show gratuito e que vieram de outras cidades. Temos repúdio as vezes até pelo nome das bandas. E tem aquelas piadinhas também: ‘O que é Funk como Le Gusta? É de comer?’ E eu deixo uma pergunta: Antes da exposição da mídia o que eram “Calypso”, “Calcinha Preta”, “Tati Quebra Barraco” e tantos outros?
Somos acostumados a receber passivamente todas as informações despejadas nas nossas mentes, mas não somos acostumados a ser agentes ativos da sociedade e procurar coisas novas. É preciso mudar este cenário.